Cada vez mais alunos carenciados concluem estudos com sucesso

31 de Maio 2022

Cada vez menos alunos chumbam ou desistem de estudar, com destaque para os mais carenciados que reduziram o fosso que os separa dos restantes, levando o governo a defender que o “elevador social da educação está a funcionar”.

O relatório “Resultados Escolares: Sucesso e Equidade”, da Direção Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC), hoje divulgado, indica que o primeiro ano de pandemia não alterou a tendência de melhoria do sucesso académico dos alunos do ensino obrigatório.

Os dados sobre os alunos que conseguiram concluir um ciclo de estudos sem chumbar ou desistir mostram uma “evolução muito positiva” em todos os ciclos de ensino, lê-se no documento, que compara os anos letivos entre 2017 e 2020.

Nestes três anos, a percentagem dos que chumbam ou desistem de estudar esteve sempre a diminuir: No segundo ciclo, por exemplo, desceu de 9% para 5% em 2020, um ano já afetado pela pandemia.

Segundo o ministro da Educação, João Costa, “houve uma preocupação de se começar a pensar em perspetivas de recuperação e não de penalização”.

O relatório confirma que o sucesso académico continua a ser mais difícil de atingir pelos alunos de meios mais desfavorecidos, mas a distância que os separa dos restantes está a ficar mais curta.

Em declarações aos jornalistas, João Costa usou os dados do relatório para defender que “o elevador social da Educação não está avariado. Ele está mesmo a andar”.

Por exemplo, entre os alunos carenciados do primeiro ciclo, registou-se uma melhoria de cinco pontos percentuais: No final do ano letivo de 2018, 77% dos estudantes desfavorecidos terminaram o 4.º ano sem nunca ter chumbado e, três anos depois, a taxa de conclusão subiu para 82%.

A evolução da totalidade dos estudantes do primeiro ciclo mostra que houve uma melhoria de três pontos percentuais entre 2018 e 2020 (passando de 86% para 89%), enquanto a melhoria registada pelos alunos mais carenciados foi de cinco pontos percentuais.

“Há uma melhoria constante do indicador da conclusão em tempo esperado dos resultados dos alunos com mais dificuldades socioeconómicas”, afirmou João Costa, admitindo que este trabalho continua a ser “um grande desafio”.

Assim, no segundo ciclo houve uma melhoria de seis pontos percentuais, passando de 86% para 92%. No terceiro ciclo, onde há mais casos de insucesso, registou-se uma subida de oito pontos percentuais entre os alunos que terminaram em 2018 (70%) e os que terminaram em 2020 (78%).

É no ensino secundário que os alunos têm mais dificuldades em fazer os três anos sem chumbar ou desistir, mas é também neste ciclo de estudos que se nota o maior salto, com uma melhoria de 10 pontos percentuais.

Em 2018, pouco mais de metade dos alunos carenciados (52%) conseguiu concluir o secundário nos três anos previstos, enquanto em 2020 a percentagem subiu para 62%.

Nos cursos profissionais, a subida foi de apenas 2%, atingindo os 62% em 2020.

Para João Costa, os alunos carenciados “não estão condenados ao insucesso” e a “escola pode fazer a diferença”.

Mas, na análise de melhoria dos resultados, voltou a ficar de fora o indicador dos percursos diretos de sucesso, que permite perceber a proporção de alunos que consegue concluir o ciclo no tempo esperado com classificação positiva nas provas nacionais.

A pandemia de Covid-19 levou a uma alteração das regras e, nos dois últimos anos, as provas passaram a ser obrigatórias apenas para acesso ao ensino superior, deixando de ser possível perceber os percursos diretos de sucesso.

Existe um outro indicador que mostra quantos alunos terminam o secundário e entram no ensino superior, mas a informação está disponível apenas para as escolas.

O ministro da Educação defendeu que existem informações com “um pormenor tão elevado que se chega muito próximo” da informação do aluno, ou seja, poderia deixar de cumprir os requisitos da proteção de dados.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” foca cancro da bexiga para quebrar estigma

A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde lançou uma nova temporada do projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” dedicada ao cancro da bexiga. Especialistas e doentes unem-se para combater o estigma em torno dos sintomas e alertar para a importância do diagnóstico atempado desta doença, que regista mais de 3.500 novos casos anuais em Portugal.

Maria Alexandra Teodósio eleita nova Reitora da Universidade do Algarve

O Conselho Geral da Universidade do Algarve elegeu Maria Alexandra Teodósio como nova reitora, com 19 votos, numa sessão plenária realizada no Campus de Gambelas. A investigadora e atual vice-reitora, a primeira mulher a liderar a academia algarvia, sucederá a Paulo Águas, devendo a tomada de posse ocorrer a 17 de dezembro, data do 46.º aniversário da instituição

Futuro da hemodiálise em Ponta Delgada por decidir

A Direção Regional da Saúde dos Açores assegura que nenhuma decisão foi tomada sobre o serviço de hemodiálise do Hospital de Ponta Delgada. O esclarecimento surge após uma proposta do BE para ouvir entidades sobre uma eventual externalização do serviço, que foi chumbada. O único objetivo, garante a tutela, será o bem-estar dos utentes.

Crómio surge como aliado no controlo metabólico e cardiovascular em diabéticos

Estudos recentes indicam que o crómio, um mineral obtido através da alimentação, pode ter um papel relevante na modulação do açúcar no sangue e na proteção cardiovascular, especialmente em indivíduos com diabetes tipo 2 ou pré-diabetes. Uma meta-análise publicada na JACC: Advances, que incluiu 64 ensaios clínicos, revela que a suplementação com este oligoelemento está associada a melhorias em parâmetros glicémicos, lipídicos e de pressão arterial, abrindo caminho a novas abordagens nutricionais no combate a estas condições

Alzheimer Portugal debate novos fármacos e caminhos clínicos em conferência anual

A Conferência Anual da Alzheimer Portugal, marcada para 18 de novembro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai centrar-se no percurso que vai “Da Ciência à Clínica”. Especialistas vão analisar os avanços no diagnóstico, novos medicamentos e a articulação entre cuidados de saúde e apoio social, num evento que pretende ser um ponto de encontro para famílias e profissionais

Bayer anuncia redução significativa de marcador renal com finerenona em doentes com diabetes tipo 1

A finerenona reduziu em 25% o marcador urinário RACU em doentes renais com diabetes tipo 1, de acordo com o estudo FINE-ONE. Este é o primeiro fármaco em mais de 30 anos a demonstrar eficácia num ensaio de Fase III para esta condição, oferecendo uma nova esperança terapêutica. A segurança do medicamento manteve o perfil esperado, com a Bayer a preparar-se para avançar com pedidos de aprovação regulatória.

Hospital de Castelo Branco exige reclassificação na referenciação pediátrica

A Unidade Local de Saúde de Castelo Branco discorda da sua classificação como Hospital de Nível IB na proposta da Rede de Referenciação Hospitalar em Pediatria. A instituição alega que a categorização não reflete a sua capacidade assistencial e já solicitou formalmente uma reclassificação para Nível IIA, invocando uma estrutura pediátrica consolidada e uma oferta diferenciada.

Bupa avança em Portugal com primeira clínica dentária em Gaia

A Bupa inaugurou a sua primeira clínica dentária em Portugal, no El Corte Inglés de Vila Nova de Gaia. Com sete gabinetes e tecnologia de ponta, como TAC e scanner intraoral, a abertura marca a expansão do grupo no mercado português, que até agora se dedicava aos seguros de saúde. Iñaki Peralta, CEO para Europa e América Latina, destaca a aposta num modelo de cuidados inovador e personalizado.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights