FMUC investiga interação entre microrganismos do intestino e recetores de adenosina

7 de Junho 2022

O projeto "Mycobiota homeostasis under the regulation of adenosine receptors as pivotal players in obesity", liderado por uma investigadora da Faculdade de Medicina de Coimbra, venceu a 3.ª edição da Bolsa Nacional para Projetos de Investigação.

Financiado com um prémio de 25 mil euros atribuído pela Biocodex Microbiota Foundation, o estudo será desenvolvido durante um ano e meio e poderá encontrar novos alvos terapêuticos para a obesidade e doenças associadas.

Segundo a investigadora Teresa Gonçalves, que lidera a equipa vencedora, há cada vez mais evidências a sustentar que os microrganismos no nosso intestino (microbiota) contribuem para a nossa saúde. O que não se conhece com grande profundidade é como é regulado este conjunto de microrganismos. “Este projeto pretende descobrir se um dos controladores pode ser o sistema de modulação operado pela adenosina, cuja manipulação controlaria a microbiota intestinal para prevenir ou mitigar a obesidade”, explica.

A professora sublinha que a obesidade e as doenças associadas são complexas, com causas diversificadas e de difícil tratamento. Para além dos fatores genéticos e pessoais, como a qualidade da alimentação ou o exercício físico, existem outros que podem contribuir para estas patologias. Por exemplo, a população de microrganismos do intestino – a microbiota intestinal – é essencial para definir como processamos os alimentos ingeridos.

Os estudos sobre microbiota intestinal têm-se focado sobretudo nas bactérias do intestino. Já as populações de fungos (micobiota), que também fazem parte da microbiota intestinal, têm sido menos estudadas, embora haja alguns dados sobre a sua influência em doenças crónicas, como a obesidade, a diabetes ou as doenças inflamatórias. “A interação da microbiota com o nosso organismo envolve recetores na superfície das células de cada indivíduo, que podem estar na origem de algumas destas morbilidades. Esta interação pode levar ao agravamento ou, pelo contrário, à melhoria dos sintomas”, refere a investigadora principal do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Entre esses recetores estão os de adenosina, que, entre outras funções, podem, segundo a equipa científica, ser capazes de controlar a micobiota intestinal no idoso. Os recetores de adenosina (A2A e A2B) são uma espécie de sensores que existem em todas as células humanas para identificar sinais de stress ou esforço – a adenosina. Estes recetores têm particular importância no controlo da inflamação, prevenindo o dano excessivo de tecidos, e podem também contribuir para o controlo da obesidade.

“O que iremos definir é o papel destes sensores no processo de inflamação e se através deles podemos equilibrar a micobiota e, consequentemente, a inflamação. E, desta forma, promover uma normalização do metabolismo intestinal e, ao mesmo tempo, prevenir a obesidade”, esclarece a investigadora.

“Microbiota e ABCD – Doença Crónica Baseada na Adiposidade” foi o tema escolhido para os projetos candidatos à edição 2021/2022 da Bolsa Nacional para Projetos de Investigação. Os projetos foram avaliados por um júri independente, constituído pelos quatro membros do comité científico da Biocodex Microbiota Foundation em Portugal.

PR/HN/RA

1 Comment

  1. jorge Freitas de Araújo

    Tenho alguns casos de perda de peso em mulher obesa, introduzindo probioticos na dieta.
    Jorge Araújo
    N.O. 19695

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Abertas candidaturas para o Prémio Grünenthal Dor 2023

A Fundação Grünenthal premeia anualmente trabalhos de investigação clínica ou básica, a quem atribui um prémio no valor de 7500 euros. O período de apresentação de candidaturas decorrerá até 30 de maio de 2024.

ULSVDL adota solução inovadora para gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

No âmbito da candidatura ao Sistema de Apoio à Modernização Administrativa (SAMA) “DIR@2020 – Desmaterializar, Integrar e Robotizar”, a Unidade de Reprocessamento de Dispositivos Médicos (URDM) da Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL) deu um passo importante para otimizar os seus processos, ao implementar uma solução de gestão e rastreabilidade do instrumental cirúrgico

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights