Segundo a instituição sediada em Coimbra, a violência sobre mulheres casadas subiu, no mesmo período, de 17% para 35%.
“Consideramos que a pandemia e o seu rescaldo possam ter tido alguma influência nestes números, já que mais pessoas passaram a residir com familiares e houve centros de apoio que encerraram”, disse à agência Lusa a técnica Marta Ferreira, do serviço da linha de apoio da Fundação Bissaya Barreto.
A Linha SOS Pessoa Idosa indicou que Lisboa (29%) continua a liderar o número de denúncias, seguido de Setúbal (11%), que ultrapassou o Porto (10%) no segundo lugar.
A cidade Invicta ocupa agora o terceiro posto, com a mesma percentagem de Coimbra.
Em 2021, o serviço contabilizou 1.812 contactos telefónicos, e-mail e articulações interinstitucionais. Até à data, os pedidos de ajuda recebidos resultaram na abertura de 244 processos internos, que obrigaram a acompanhamento frequente e intervenção, bem como a articulações interserviços.
As denúncias foram realizadas por email/formulário (52,5%), telefone (47%) e presencialmente (0,5%).
A maioria dos pedidos de ajuda refere-se a pessoas com idades entre os 75 e os 84 anos (40%), do género feminino (65%), em situação de viuvez (52%) e casadas (35%). Por outro lado, 53% das vítimas reside com familiares ou cuidadores, sozinhas (39%) e em instituição (8%).
“As vítimas vivenciam diversas formas de violência, sendo a negligência a mais comum (32%), com um aumento de 5% face ao ano anterior, seguida da violência psicológica (26%), financeira (11%), estrutural/sociedade (10%) e abandono (7%)”, refere o comunicado.
De acordo com a Linha SOS Pessoa Idosa, a violência estrutural “é gerada pelo sistema de apoio social e não por um agente concreto”, em que as instituições não oferecem respostas para a satisfação das necessidades básicas das pessoas mais vulneráveis.
Entre maio de 2021 e maio de 2022, foram trabalhados 12 processos em colaboração com a Procuradoria-Geral Regional de Coimbra – Ministério Público, que representam 5% das sinalizações rececionadas pelo serviço SOS Pessoa Idosa.
“Em 70% das denúncias, os sujeitos maltratantes são familiares das vítimas e 41% dos agressores denunciados são homens e 45% filhos das vítimas, o que representa uma descida de 8% comparativamente com o ano anterior”, refere o comunicado.
Desde o início da atividade, em 2014, a Linha SOS Pessoa Idosa já abriu 1.629 processos internos e realizou de 2.787 articulações com as redes locais de intervenção social na área da violência/envelhecimento, segurança social, IPSS (instituições particulares de solidariedade social), autarquias, unidades de saúde e forças de segurança, entre outros.
O serviço SOS Pessoa Idosa é uma resposta de intervenção social que integra uma linha nacional e gratuita de atendimento telefónico (800 102 100) e/ou via e-mail (sospessoaidosa@fbb.pt), com atendimento direto e personalizado e um serviço de mediação familiar.
A linha tem por objetivo principal apoiar e responder aos apelos de pessoas que vivem situações de violência nas suas diversas manifestações ou que delas têm conhecimento, disponibilizando vários meios e instrumentos de comunicação, com garantia de anonimato.
LUSA/HN
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