Bastonário compreende escusa dos farmacêuticos a Norte e teme que se repita pelo país

23 de Junho 2022

O bastonário dos farmacêuticos disse esta quarta-feira compreender “totalmente” os pedidos de escusa de responsabilidades feitos por estes profissionais em dois hospitais do Norte e teme que a situação se repita em outras instituições do país, pedindo uma “rápida intervenção”.

“Vejo isto com muita preocupação, é o sintoma de uma situação grave. Aliás, é a primeira vez na história da Ordem dos Farmacêuticos que temos farmacêuticos a utilizarem este instrumento que apenas é utilizado, como se compreende, em último caso”, afirmou à Lusa Hélder Mota Filipe.

Estas declarações surgem depois dos farmacêuticos hospitalares do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto terem pedido hoje escusa de responsabilidades por considerarem não terem condições para garantir a segurança dos cuidados farmacêuticos prestados por “insuficiência de recursos humanos”.

Este é o segundo caso a Norte, depois de no início de junho mais de duas dezenas de farmacêuticos preocupados com a “falta de recursos” e com “qualidade e a segurança dos cuidados” prestados no Hospital de Santo António, no Porto, terem feito o mesmo pedido.

Para o bastonário, os farmacêuticos hospitalares ao assinarem uma declaração destas estão a dar “um grito de alerta”.

A falta de recursos humanos aliada à da falta de condições materiais e logísticas é uma “combinação explosiva” que já está identificada “há bastante tempo” nos serviços farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), salientou.

Contudo, acrescentou, não têm sido tomadas medidas significativas para resolver a situação e, com o passar do tempo, a mesma agudiza-se.

Aliás, estes pedidos de escusa servem exatamente para mostrar que a situação “não é pontual”.

“A grande preocupação é que temos profissionais sem condições para trabalhar, desmotivados e temos doentes que precisam de ter os cuidados farmacêuticos com a maior segurança e qualidade possível”, vincou.

Hélder Mota Filipe ressalvou que apesar da intervenção dos farmacêuticos hospitalares não ser visível, eles são “cruciais” para o bom funcionamento dos hospitais.

E, desta forma, o bastonário teme que outros farmacêuticos de outros hospitais do país tomem a mesma decisão por entenderem, igualmente, não estarem em condições de cumprir com aquilo que é o direito dos doentes.

LUSA/HN

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