Faculdade de Medicina do Porto cria rede para responder às necessidades de pessoas com doença respiratória

23 de Junho 2022

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) criaram uma rede de pessoas com doença respiratória e cuidadores que, em colaboração com médicos e especialistas, visa criar soluções para responder às necessidades dos doentes, foi esta quinta-feira revelado.

“Começamos a sentir que nos faltavam os doentes como intervenientes em todo o processo de investigação”, afirmou à Lusa Ana Sá e Sousa, investigadora da FMUP e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde.

Desenvolvida no âmbito do projeto ConectAR, cujo objetivo é envolver os doentes no avanço da investigação em doenças respiratórias e saúde digital, a rede visa o “desenvolvimento de soluções adequadas às necessidades dos doentes e cuidadores”, potenciando a investigação centrada no doente.

“O objetivo é conseguir construir uma rede com todos os intervenientes de investigação, isto é, os profissionais de saúde, investigadores, doentes, cuidadores e público em geral”, referiu, salientando que o propósito é também mudar os “contornos” das próprias investigações, desenvolvendo soluções e ferramentas que vão ao encontro dos doentes.

“Muitas das vezes os doentes participam em estudos e ensaios clínicos e não lhes é dado retorno nenhum, não sabem qual foi o resultado final porque é publicado num artigo em inglês e numa linguagem muito formal”, observou, dizendo que a rede também possibilitará esta aproximação.

“Queremos ter uma proximidade com os doentes e conectar as duas realidades”, detalhou.

Neste momento, a rede conta com mais de 70 pessoas com doença respiratória e cuidadores, sendo que os interessados podem inscrever-se ‘online’.

Depois de alguns ‘workshops’ e inquéritos realizados, os doentes manifestaram preocupação com a sensibilização da população para a asma, salientou Ana Sá e Sousa, acrescentando que os investigadores já estão a trabalhar nessa vertente.

“Há uma desvalorização da asma tanto em idade escolar como na vida adulta”, frisou.

À Lusa, a investigadora disse que o objetivo a longo prazo passa por ampliar a rede, abrangendo não só pessoas com doenças respiratórias, como a asma e rinite, mas outras doenças, como o cancro do pulmão, com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).

“Há aqui uma urgência em alargar a rede e começar a pensar nas outras doenças”, acrescentou.

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o projeto ConectAR arrancou em janeiro e tem uma duração de 14 meses.

LUSA/HN

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