Rui Nunes candidata-se à Ordem dos Médicos para defender reforma “profunda e estrutural”

4 de Julho 2022

Rui Nunes, médico e professor catedrático na Universidade do Porto, candidata-se a bastonário da Ordem dos Médicos para defender uma reforma “profunda e estrutural” do sistema de saúde, que modernize e articule os centros de saúde com os hospitais.

“Proponho um choque de gestão na saúde. É uma questão de gestão não haver médicos, não é por falta de médicos”, sustentou em declarações à agência Lusa, no dia em que lança a candidatura a bastonário dos médicos.

Médico especialista em otorrinolaringologia e professor na Faculdade de Medicina na Universidade do Porto, Rui Nunes foi o primeiro presidente da Entidade Reguladora da Saúde.

Afirma que a candidatura visa afirmar a medicina no espaço contemporâneo e considera que na atual situação o exercício da medicina e o acesso à saúde estão “aquém do que seria desejável”.

Rui Nunes pretende usar o cargo de bastonário, caso seja eleito, para “através de uma magistratura de influência” defender condições para os médicos “cumprirem a sua missão”.

“A transição digital vai mudar completamente o modo como se exerce medicina”, frisou, indicando que esta será outra das preocupações da candidatura.

De acordo com o médico, é preciso mudar toda a organização do sistema de saúde e identificar as necessidades em termos de equipamentos.

“Quando se diz que faltam médicos em obstetrícia, o problema não é a falta de médicos, é um problema de planeamento”, argumentou.

Na opinião do candidato a bastonário, a saúde precisa também de uma gestão mais autónoma e de uma modernização dos cuidados de saúde primários.

“Esta vai ser a tónica central da minha candidatura”, revelou, defendendo uma maior integração e articulação entre centros de saúde e hospitais. “São ideias que já maturo há muito tempo”, confessou.

A candidatura tem o propósito de “afirmar e unir” a medicina e os médicos portugueses para “valorizar a formação médica” e as carreiras profissionais, reforçar o fundo de apoio à formação médica e contribuir para uma Ordem dos Médicos “mais influente e prestigiada” junto da opinião pública e dos poderes públicos.

O direito universal à saúde e a descentralização estão entre os pontos chave do programa apresentado à imprensa.

Os médicos elegem em janeiro o bastonário que os representará no mandato de 2023/2026.

Outros dois médicos anunciaram a candidatura, o reumatologista Jaime Branco e o cardiologista Fausto Pinto.

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Chamadas de telemóvel associadas a um maior risco de hipertensão arterial

Advertisement

Falar ao telemóvel durante 30 minutos ou mais por semana está associado a um aumento de 12% do risco de hipertensão arterial em comparação com menos de 30 minutos, de acordo com um estudo publicado no European Heart Journal – Digital Health, uma revista da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC)

Traumas na infância podem provocar insónia nos adultos?

Advertisement

Investigação demonstrou que experiências adversas na infância resultam em formas mais disfuncionais de lidar com a vergonha e aumentam a gravidade dos casos de insónia na idade adulta, embora estas duas variáveis não surjam associadas.

Manuel Delgado: O SNS está a resvalar muito rapidamente para o precipício

Advertisement

Em entrevista exclusiva ao nosso jornal, Manuel Delgado, ex-Secretário de Estado da Saúde do XXI Governo Constitucional, entre 2015 e 2017 e Professor Auxiliar convidado da ENSP/Universidade Nova de Lisboa para as áreas da Políticas de Saúde e Gestão de Serviços de Saúde, aponta os principais desafios que o SNS enfrenta e os que irá enfrentar no futuro.

Mário Macedo: “Enfermeiros Unidos” por uma Enfermagem com Voz

Advertisement

Mário André Macedo, Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica e principal rosto do Movimento “Enfermeiros unidos”, considera inconcebível o constante afastamento dos enfermeiros dos locais de reflexão, planeamento e decisão em saúde. Pondera vir a candidatar-se a Bastonário da Ordem dos Enfermeiros à qual aponta a responsabilidade de nos últimos anos  ter perdido o seu foco e uma visão estruturada para a profissão.

Entre a idade dos ‘porquês’ e o tempo da revolta: Como lidar com a DII em crianças e jovens?

Advertisement

Viver com uma doença para o resto da vida não é fácil quando o diagnóstico é feito em plena infância ou adolescência. Um cenário que pode ser ainda agravado quando se está perante uma doença com inúmeros estigmas, como a Doença Inflamatória do Intestino. Ter a necessidade de ir, vezes sem conta, à casa de banho pode fazer com que muitas crianças e jovens tenham sentimentos de revolta e vergonha. Atendendo a esta realidade, e de forma a desmistificar algumas destas patologias, a Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino (APDI) promoveu no passado dia 16 de maio uma discussão sobre o tema.

MAIS LIDAS

Share This