Costa afirma que Portugal é de confiança com estabilidade política e contas certas

6 de Julho 2022

O primeiro-ministro afirmou hoje, perante várias dezenas de empresários alemães, que Portugal é um país de confiança, sendo um dos poucos com estabilidade política e que apresenta uma trajetória de consolidação orçamental mesmo na atual conjuntura internacional.

Esta posição foi assumida por António Costa no final de um jantar promovido pela Câmara do Comércio e Indústria Luso Alemã, que se destinou a assinalar a presença deste ano de Portugal como país convidado na Feira Industrial de Hanôver, uma das maiores do mundo.

Num discurso com cerca de 30 minutos, perante uma plateia de empresários, o líder do executivo socialista reconheceu a dificuldade da atual conjuntura internacional, mas defendeu a tese de que Portugal tem uma posição geográfica ideal para estar na linha da frente da transição digital, é forte na aposta das energias renováveis, superou um antigo défice ao nível das qualificações e tem por aplicar os fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência e do Portugal 2030.

“Para além da posição geográfica, para além do capital humano, para além das oportunidades de financiamento, a verdade é que temos um quadro institucional, geopolítico e financeiro que pode ser um fator adquirido de confiança. Portugal tem estabilidade política, como raros países têm”, acentuou o primeiro-ministro.

Neste contexto, António Costa advogou que Portugal será “o quarto país mais seguro do mundo – e em tempos de guerra isto não é pouco – e tem conseguido manter uma trajetória firme de consolidação das contas públicas”.

“Apesar de o Pacto de Estabilidade estar suspenso, já no ano passado conseguimos ficar abaixo do limiar dos 3% de défice e este ano ficaremos seguramente abaixo ou pelo menos muito próximo do objetivo, um défice de 1,9%”, declarou.

De acordo com o líder do executivo, em 2021, apesar dos apoios extraordinários concedidos pelo Estado para o combate à covid-19, “Portugal conseguiu retomar a inversão do peso da dívida no Produto Interno Bruto (PIB)”.

“Com confiança podemos dizer que chegaremos com um rácio da dívida do PIB de 100% no final desta legislatura. Podemos continuar a manter os objetivos mesmo neste cenário de incerteza que nos rodeia, o que é um fator muito importante de confiança. Neste contexto, as agências de rating têm continuado a melhorar o Outlook sobre Portugal”, completou.

No seu discurso, António Costa advogou que Portugal tem a sétima inflação mais baixa do conjunto da zona euro, “essencialmente por causa de um fator e que tem a ver com a intensidade da utilização das energias renováveis

“Cerca de 60% da luz que consumimos já vem de fontes renováveis e daqui a quatro ano já será 80% de fontes renováveis, o que nos poupa a ter de discutir, como outros, se é necessário ou não dar passos atrás no processo de descarbonização da economia”, assinalou.

Neste ponto, o primeiro-ministro referiu que nos últimos dois leilões de energia solar o país obteve em dois anos sucessivos “o recorde mundial do preço mais baixo, o que nos permite estar na linha da frente dos investimentos para a produção de hidrogénio verde, que é decisivo para as indústrias intensivas no consumo de gás”.

“Ora, o hidrogénio verde é um gás renovável, limpo, descarbonizado e que pode assegurar o futuro”, defendeu.

Mas António Costa foi ainda mais longe em defesa das vantagens competitivas de Portugal, dizendo que “o lastro mais pesado”, que tinha a ver com as qualificações, “é um lastro que as novas gerações não vão ter de suportar”.

“Temos hoje o capital humano, que se junta à trajetória de crescimento, à oportunidade do ponto de vista da energia, à conectividade digital, para sermos um país não só parceiro da Feira de Hanôver, mas um país que efetivamente pode ser parceiro neste reposicionamento das cadeias de valor na Europa”, sustentou.

Segundo o primeiro-ministro, esta “é uma oportunidade que Portugal tem”.

“E das duas uma: Ou a agarramos, ou não agarramos. Portanto, só há uma alternativa, que é a de agarrar esta oportunidade. Sabemos bem que os tempos têm imensos desafios, uma guerra, um ciclo inflacionista forte, mas também sabemos que, independentemente da gravidade do momento, já houve outros momentos de enorme gravidade que tivemos de enfrentar”, acrescentou.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

RALS promove II Encontro de Literacia em Saúde

Viana do Castelo acolhe o II Encontro de Literacia em Saúde, organizado pela Rede Académica de Literacia em Saúde. O evento reúne especialistas e profissionais para debater estratégias de capacitação da população na gestão da sua saúde. A sessão de abertura contou com a presença de representantes da academia, do poder local e de instituições de saúde, realçando a importância do trabalho colaborativo nesta área

Estudantes veem curso de Medicina na UTAD como alívio para escolas sobrelotadas

A Associação Nacional de Estudantes de Medicina considerou hoje que a abertura do curso de Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro representa uma oportunidade para aliviar a sobrelotação nas restantes escolas médicas. O presidente da ANEM, Paulo Simões Peres, sugeriu que a nova oferta poderá permitir uma redução de vagas noutros estabelecimentos, transferindo-as para Vila Real, após a acreditação condicional do mestrado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.

Curso de Medicina da UTAD recebe luz verde condicional

A A3ES aprovou o mestrado em Medicina na UTAD, uma resposta à saturação das escolas médicas. A ANEM vê a medida com esperança, mas exige garantias de qualidade e investimento na formação prática.

Gouveia e Melo repudia uso político da crise na saúde

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo criticou a tentativa de capitalizar politicamente os problemas na saúde, defendendo que o Presidente não deve interferir na governação. Falou durante uma ação de campanha em Viseu

Ventura convoca rivais para debate presidencial sobre saúde

O candidato André Ventura desafiou Gouveia e Melo, Marques Mendes e António José Seguro para um debate sobre saúde, em qualquer formato. Defende um novo modelo para o setor, criticando os consensos anteriores por apenas “despejar dinheiro” sem resolver problemas

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights