PCP acusa Governo de preparar entrega de fatia ainda maior da saúde aos privados

25 de Agosto 2022

O PCP acusou esta quinta-feira o Governo de estar a preparar a “entrega de uma parte ainda maior dos cuidados de saúde” ao setor privado através da ausência de respostas “decisivas e inadiáveis” para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“A aparente inércia do Governo só pode ter um significado: está a preparar a entrega de uma parte ainda maior dos cuidados de saúde ao setor privado, aumentando o seu financiamento com os recursos do Estado”, advogou o dirigente comunista Bernardino Soares, em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa.

O antigo presidente da Câmara Municipal de Loures (perdeu a autarquia em 2021 para o socialista Ricardo Leão) considerou que a “ausência de medidas decisivas e inadiáveis que o SNS reclama, convive com opções e decisões, como a do Estatuto do SNS”, o que, na ótica do PCP, se traduz num favorecimento aos “grupos privados que fazem da doença um negócio”.

Um dos principais flagelos do SNS é a manutenção da “centralização das decisões fundamentais no Ministério das Finanças”, que não é mais do que “um regime de cativação financeira”, prosseguiu Bernardino Soares, “mesmo que formalmente não se apliquem as cativações orçamentais”.

O subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde deixa-o “refém dos fornecedores e prestadores privados” e com uma capacidade de gestão “fortemente afetada”, argumentou o membro do Comité Central do PCP.

“O Governo sabe”, acrescentou Bernardino Soares, que “quanto mais tempo passa sem tomar medidas essenciais, mais se degrada a resposta do SNS, mais se acentua a dependência do privado e mais se torna difícil o acesso da generalidade dos portugueses a cuidados de saúde”.

Para o Comité Central comunista, há três pilares para fortalecer o SNS e aos quais o executivo socialista continua a fechar os olhos: valorizar carreiras e remunerações dos profissionais de saúde; assegurar a autonomia das unidades de saúde, com orçamento suficiente e sem o “controlo restritivo” de Fernando Medina; investir continuamente no SNS, com visa à diminuição da “dependência do privado”.

Bernardino Soares, que assumiu a pasta da saúde no PCP após abandonar a atividade autárquica, concluiu que “o Governo sabe” tudo isto, mas “não quer” mudar de rumo.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

ULS de Braga celebra protocolo com Fundação Infantil Ronald McDonald

A ULS de Braga e a Fundação Infantil Ronald McDonald assinaram ontem um protocolo de colaboração com o objetivo dar início à oferta de Kits de Acolhimento Hospitalar da Fundação Infantil Ronald McDonald aos pais e acompanhantes de crianças internadas nos serviços do Hospital de Braga.

DE-SNS mantém silêncio perante ultimato da ministra

Após o Jornal Expresso ter noticiado que Ana Paula Martins deu 60 dias à Direção Executiva do SNS (DE-SNS) para entregar um relatório sobre as mudanças em curso, o HealthNews esclareceu junto do Ministério da Saúde algumas dúvidas sobre o despacho emitido esta semana. A Direção Executiva, para já, não faz comentários.

FNAM lança aviso a tutela: “Não queremos jogos de bastidores nem negociatas obscuras”

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) disse esta sexta-feira esperar que, na próxima reunião com o Ministério da Saúde, “haja abertura para celebrar um protocolo negocial”. Em declarações ao HealthNews, Joana Bordalo e Sá deixou um alerta à ministra: ” Não queremos jogos de bastidores na mesa negocial. Não queremos negociatas obscuras.”

SNE saúda pedido de relatório sobre mudanças implementadas na Saúde

O Sindicato Nacional dos Enfermeiros (SNE) afirmou, esta sexta-feira, que vê com “bons olhos” o despacho, emitido pela ministra da Saúde, que solicita à Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) um relatório do estado atual das mudanças implementadas desde o início de atividade da entidade.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights