Jovens cada vez mais interessados na ciência

9 de Setembro 2022

A ciência está cada vez mais presente no quotidiano dos jovens portugueses cujo horizonte em torno das novas tecnologias vai muito além da dedicação diária ao telemóvel, testemunharam hoje à Lusa visitantes da 16.ª Mostra Nacional de Ciência.

Raquel Moreira, 22 anos, voluntária da mostra que decorre até sábado no edifício da Alfândega do Porto, tem um passado ligado a projetos científicos, tendo sido responsável, “em 2018 e 2019, por projetos na área da Física”.

Curiosamente, contou à Lusa, o que se seguiu abriu-lhe novos caminhos, que quer continuar, mas sem perder o contacto com a ciência, daí a opção pelo voluntariado na mostra.

“Eu era aluna na área das ciências e participar na mostra e poder estar em outros eventos fez-me perceber que a área que quero seguir é a da Diplomacia e do Direito, porque com as viagens que tive a oportunidade de fazer apaixonei-me muito pelo outro lado, pela forma como fomos recebidos pelos diplomatas e pelos políticos”, relatou de um percurso improvável.

Em percurso paralelo, continuou, conseguiu “motivar outros colegas na escola, até mesmo mais novos, da mesma forma que outros o fizeram” consigo, fazendo-a entrar na área da ciência.

“É verdade que a nossa geração é muito agarrada às tecnologias, mas acredito que é também muito motivada na procura sistemática de resposta para um problema. Sinto que a minha geração é muito proativa, cada vez mais, e não só na área da ciência, mas também na área económica e social”, respondeu quando questionada se está errada a perceção de que os adolescentes vivem agarrados ao telemóvel.

Mónica Oliveira, 25 anos, aluna de mestrado em bioquímica, visitou também a mostra no seu primeiro dia, para apoiar um projeto da irmã, mas está longe de ser uma curiosa.

“É a terceira vez que visito a mostra. A ciência diz-me muito. Tirei a licenciatura em biotecnologia e estou no segundo ano do mestrado em bioquímica”, explicou antes de manifestar o lado mais positivo de uma geração em formação.

Para Mónica, “sente-se, entre os jovens, cada vez mais que existe a curiosidade para entrar na problemática do quotidiano e perceber, não só na área da Biologia, Química, engenharias como também da informática”.

“Licenciei-me em 2019 e desde 2015 que noto um aumento de pessoas à procura de cursos relacionados com a área da ciência”, relatou.

Alinhando pelo pensamento de Raquel Moreira sobre a aparente dependência do telemóvel, argumentou que na adolescência há “um bocadinho de tudo, há que sem interesse pelo que acontece no dia-a-dia e, com isso, despertam o bichinho de querer saber mais, como há quem não ligue nenhuma e outros que nem sabem da existência de alguns problemas”.

“Também por isso é importante visitar e conhecer os projetos desta mostra, lendo a informação ou em conversa com os expositores”, argumentou.

Cristina Dias, professora, de 55 anos, compareceu pela primeira vez na exposição, disse à Lusa, para acompanhar colegas que têm alunos a expor propostas ligadas à ciência e, mesmo estreante, manifestou-se agradada com a evolução da procura da ciência em Portugal.

“A aplicabilidade do que se vai vendo nestas mostras foi mudando ao longo dos tempos, passando de uma ciência que parecia ser feita longe da sociedade” para algo que “já não acontece hoje em dia e exemplo disso foi a pandemia que mostrou que cada vez mais a ciência tem de responder mais a problemas sociais”, apontou.

Do que viu hoje, sublinhou, “alguns projetos vão de encontro aos problemas ambientais”, elogiando depois a disponibilidade de uma geração que “mais do que a opinião, estão a dar a sua ação” e concluindo com o lamento de que quando tinha 18 anos essa oportunidade “não ter existido”.

Carla Mouro, presidente executiva da Fundação da Juventude, entidade organizadora do evento, explicou à Lusa que devido aos efeitos da pandemia no calendário escolar nos últimos dois anos e, posteriormente, devido à morte da presidente do júri da mostra, foi impossível manter o concurso entre o final de maio e início de junho.

“Ficamos prejudicados por não haver a visita de alunos de centenas de escolas, mas não podíamos atrasar mais porque na próxima semana estaremos no concurso da União Europeia onde irão estar os jovens que vencerem esta edição. Não os podíamos prejudicar, pois o calendário está definido a nível mundial”, contou.

LUSA/HN

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