Projeto MiMI: Como otimizar o processo de morte em Medicina Interna

4 de Outubro 2022

Especial 28° Congresso Nacional de Medicina Interna

A chegada da morte não é uma opção, a forma como se morre sim, porque pode ser preparada e ajustada às preferências da pessoa. A morte é na maioria das vezes um momento difícil, para o doente, a família e até mesmo para os profissionais de saúde que o acompanham. Conscientes desta realidade o NEBio e o NEMPal promoveram o Projeto MiMI (Morte iminente em Medicina Interna) patrocinado pela SPMI e pela Universidade Católica Portuguesa, tendo por referência os critérios do International Collaborative for the Best Care for the Dying Patient, com o objetivo de melhorar o acompanhamento do processo de morte nas Enfermarias de Medicina.

António Carneiro salientou que 62% dos portugueses morrem nos Hospitais, na sua maioria com envolvimento direto ou indireto da Medicina Interna. O orador salientou que, quando inquiridos, a maioria dos portugueses dizem querer morrer em casa, mas a realidade verificada é o oposto. Sugeriu que tal acontece porque os agregados familiares, diminuíram, as condições para cuidar das pessoas muito dependentes são de difícil acesso e as reflexões sobre o que cada um deseja, para si, quando estiver em situação de fim de vida (elaboração de planos individuais e integrados de cuidados) são ainda insuficientes e com grande margem de melhoria.

António Carneiro lembrou que a Assembleia da República se prepara para aprovar um documento que intitulou (incorretamente) de “morte medicamente assistida”, que se refere à “morte provocada a pedido do próprio”. Esta situação refere-se à morte provocada, em resultado de uma solicitação reiterada pelo próprio que está informado e capaz de exercer a sua autonomia, nos termos da Lei, o que não pode ser confundido com assistência médica na morte, coisa que acontece a 62% dos portugueses”.

Já a fase de validação do projeto MiMI foi apresentada por Rui Carneiro, o qual diz estar a ser desenvolvida em cinco eixos principais:

  1. Validação nacional de um modelo de boas práticas para doente em morte iminente ao cuidado da Medicina Interna;
  2. Caracterização de vivências do Internista no cuidar na situação de morte iminente;
  3. Identificação das necessidades formativas na área da situação de últimas horas/dias de vida;
  4. Identificação prospetiva da tipologia do cuidar do doente em morte iminente ao cuidado da Medicina Interna;
  5. Elaboração de Curriculum, Modelo Pedagógico e Formação na área em questão.

Deste modo, o orador partilhou, ainda, os primeiros resultados inerentes à investigação dos primeiros três eixos e não deixa de perspetivar ideias futuras para a área. “A breve trecho será feita uma avaliação transversal aos cuidados de doentes em últimas horas ou dias de vida nas enfermarias nacionais, numa estratégia de one-day survey, em que todos os serviços de medicina interna serão convidados a ter parte ativa”, referiu o convidado.

28º CNMI/HN

 

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Casos de cólera em Angola aumentam para 422 e mortes para 24

Angola reportou, nas últimas 24 horas, mais 39 casos de cólera, totalizando 422, dos quais 80 declarados positivos, com mais dois óbitos confirmados, num total de 24, segundo o boletim informativo do Ministério da Saúde divulgado às 18:00.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights