Segundo Henrique Prata Ribeiro apesar do impacto altamente negativo da pandemia em todas as áreas da medicina, nomeadamente nas perturbações mentais, um dos efeitos positivos no campo da saúde mental foi contribuir para que as pessoas sentissem menos vergonha de procurar ajuda e reconhecessem o seu estado de sofrimento.
O especialista sublinha que a Covid-19 abriu uma janela de oportunidade para se falar mais abertamente sobre a saúde menta. “Para além do peso que os sucessivos confinamentos tiveram na saúde mental das pessoas, o facto de se falar mais acerca do tema está a fazer com que as pessoas não tenham vergonha de procurar tratamento nem de assumir que estão em sofrimento”, refere o psiquiatra no âmbito da campanha “Viva! Para lá da depressão”.
Na ótica do médico, a importância de promover a saúde mental deve ser a mesma que existe em promover qualquer outra área da saúde. Neste sentido, considera essencial saber reconhecer uma perturbação psiquiátrica.
Henrique Prata Ribeiro explica que existem vários sintomas psicológicos naturais, que fazem parte da vida quotidiana, contudo, “quando esses sintomas psicológicos passam a estar presentes de forma marcada, invadindo todas as áreas de funcionamento do indivíduo ao longo do dia, podem já configurar uma perturbação, como por exemplo sentimentos como a tristeza ou a ansiedade”. O psiquiatra indica outros sinais de alerta como alterações de comportamento, baixo autocuidado e o gradual isolamento. Nestes casos, “as pessoas devem procurar um profissional de saúde, que encaminhe devidamente o caso”.
Considerando o acesso à informação uma das medidas mais poderosas em Saúde Pública, o especialista reconhece a importância de campanhas de literacia da população. “É essencial levar informação às pessoas, especialmente de uma forma simples, que permita o seu consumo por diferentes vias e sem excluir faixas etárias. A principal forma de se quebrar estigma é através desse tipo de iniciativas, que conseguem chegar a todas as pessoas com garantia de que a informação veiculada é fidedigna”.
O psiquiatra acredita que se a população estiver informada passa a ter comportamentos preventivos, a identificar sinais de risco e a recorrer aos cuidados de saúde.
Hoje assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental.
PR/HN/Vaishaly Camões
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