Centro Materno Infantil do Norte com nova máquina para fazer diálise a recém-nascidos

3 de Novembro 2022

Os recém-nascidos com doença renal ou doenças metabólicas dispõem, a partir de agora, de uma máquina que permite fazer diálise, um equipamento que mora no Centro Materno Infantil do Norte (CMIN) e servirá todo o país, foi esta quinta-feira revelado.

“Esta máquina é uma mais-valia para todas as crianças deste país que necessitem deste tipo de oferta. Tínhamos, e temos, uma limitação muito grande nos recém-nascidos que têm insuficiência renal aguda”, descreveu o diretor do CMIN, equipamento do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUPorto).

Em Portugal, este é o único centro que possui esta máquina que “tem poucos exemplares espalhados pela Europa” e custou cerca de 35 mil euros.

“Não é nada quando se está perante um autêntico salva vidas”, apontou Alberto Caldas Afonso.

Em declarações à agência Lusa, o diretor do CMIN explicou que esta máquina, que “até parece um brinquedo” porque os componentes e dimensão estão adaptados a recém-nascidos, permite fazer diálise em bebés a partir dos 1.800 quilos.

Antes estas técnicas só eram aplicadas a bebés com mais de quatro quilos.

Já para usar um equipamento de diálise de adultos, é necessário esperar que a criança atinja os nove quilos.

E para ser candidato a um transplante de rim, uma criança tem de atingir os 12 quilos.

“Este micro equipamento permite fazer hemodiálise em recém-nascidos, o que abre uma janela de oportunidade enorme. O CMIN é um dos maiores centros de prematuridade e o prematuro é um recém-nascido muito suscetível a complicações de insuficiência renal aguda”, descreveu Alberto Caldas Afonso.

Sobre os tratamentos anteriores ao aparecimento desta máquina, o diretor do CMIN admitiu que “tinham maior risco de infeção e menor taxa de eficácia”.

Desenhada por profissionais do Hospital Bambino Gesù (Menino Jesus), uma unidade hospitalar infantil académica de Roma, Itália, esta máquina é responsável por, através de um cateter, fazer circular o sangue fora do corpo da criança, passando-o por um filtro que filtra as impurezas antes do sangue ser recolocado no sistema sanguíneo da criança.

“Permite fazer a técnica tendo somente 27 mililitros de sangue extra corporal. Tudo é adaptado à dimensão de um recém-nascido”, descreveu o diretor sobre uma máquina cujos filtros medem cinco centímetros.

No CMIN nascem por ano entre 3.300 a 3.400 bebés, 10% dos quais prematuros.

Entre outras valências, este equipamento hospitalar é centro de referência de nefrologia pediátrica nacional para o transplante de baixo peso.

“Incorporamos situações agudas que acontecem um pouco por todo o país e não será diferente agora com esta máquina. Vai haver seguramente procura de outros hospitais e todos os pedidos são bem-vindos”, concluiu o diretor.

LUSA/HN

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