Sindicato dos médicos quer mais rapidez nas negociações com o Ministério da Saúde

29 de Novembro 2022

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) pediu mais rapidez nas negociações com o Governo, alegando que o Ministério da Saúde ainda não apresentou propostas concretas para a revisão da grelha salarial e valorização da carreira.

“Nós gostaríamos que fosse mais rápido, mas o Ministério da Saúde, em relação às questões como a grelha salarial e o investimento na carreira médica, não apresentou ainda propostas concretas”, adiantou à Lusa o secretário-geral do SIM, após a segunda ronda negocial com o Governo.

Segundo Jorge Roque da Cunha, a rapidez na negociação justifica-se perante os “problemas que, neste momento, são de emergência” com a falta de médicos de família e o “aumento de rescisões de médicos no Serviço Nacional de Saúde” (SNS), que em 2021 “foram cerca de 1.000”.

Além disso, o dirigente sindical sublinhou ser “muito preocupante” que, após a conclusão do processo de escolha de especialidades, “cerca de 150 vagas não tenham sido ocupadas pelos internos”.

“Estes sinais de alarme mereciam uma atitude de maior urgência em relação a este processo negocial”, sublinhou Roque da Cunha, ao considerar, porém, “positivo” que na reunião de hoje “se começasse a discutir cláusulas de organização do trabalho e do serviço de urgência”.

Em relação ao regime dedicação plena, previsto no novo Estatuto do SNS, o “Governo ainda não fez a proposta e ficou marcada uma nova reunião para dezembro”, adiantou o secretário-geral do SIM.

No âmbito das negociações com o Ministério da Saúde, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) anunciou hoje que apresentou uma proposta de aumento da grelha salarial de 47%, além de uma “série de medidas urgentes para dignificar a carreira médica, melhorar as condições de trabalho dos médicos e ultrapassar os problemas que têm afetado o SNS”.

A federação propõe “uma remuneração mensal ilíquida para o primeiro grau da carreira, num horário de 35 horas semanais, de 3.560,94 euros, o que corresponde a um valor/hora de 23,48€. Este aumento salarial corresponde, na prática, a um aumento de 47% face à remuneração atual (em 2012, o acréscimo remuneratório conseguido foi de 30%)”, indica a proposta.

Entre as várias medidas, a FNAM pretende ainda um regime de dedicação exclusivo diferente da dedicação plena proposta pelo Governo, assim como a redução do limite do trabalho em serviço de urgência para as 12 horas, em vez das atuais 18, e um horário de trabalho semanal base de 35 horas.

Nos centros de saúde, a FNAM reivindica que os médicos de família vejam as suas listas de utentes reduzidas para “números comportáveis, que assegurem um trabalho de proximidade muito necessário”.

Antes desta segunda ronda negocial, o ministro da Saúde disse que parte para as negociações com os sindicatos dos médicos “com espírito aberto” e que, embora saiba que não vai “agradar em tudo”, tem a expectativa de que algumas ideias sejam acolhidas.

“Tenho a certeza de que não vamos poder agradar aos sindicatos em tudo o que pedirem. Tenho a expectativa de que algumas das nossas ideias serão acolhidas”, disse Manuel Pizarro.

Os sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde voltaram ontem a reunir-se para uma segunda ronda de negociações, depois do encontro realizado em 09 de novembro que deu início formal a este processo.

Estas negociações tiveram o seu início formal já com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas a definição das matérias a negociar foram acordadas ainda com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos do Serviço Nacional de Saúde no protocolo negocial.

Depois da demissão de Marta Temido, no final de agosto, os sindicatos representativos dos médicos solicitaram ao Governo a abertura das negociações, criticando o “total silêncio” do Ministério da Saúde sobre o processo.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Primeira ativação remota de fotofármacos testada com sucesso

Investigadores da Universidade de Barcelona criaram o primeiro dispositivo sem fios capaz de ativar fotofármacos por controlo remoto, permitindo tratar dor de forma precisa e personalizada, minimizando efeitos adversos dos opiáceos.

Cleptomania

Alberto Lopes – neuropsicólogo/hipnoterapeuta

“Se tocam numa mulher, respondemos todas”

Contra a misoginia organizada ‘online’, o neomachismo e toda a violência sobre as mulheres, elas recusam o silêncio, usam as redes sociais para expor agressores e formaram um exército de resistência feminina: “Se tocam numa, respondemos todas”.

Pipeta Revolucionária Ativa Neurónios Individuais com Precisão Iónica

Investigadores da Universidade de Linköping desenvolveram uma pipeta inovadora que ativa neurónios individuais através da libertação precisa de iões, sem perturbar o ambiente extracelular. A técnica revelou dinâmicas complexas entre neurónios e astrócitos, abrindo portas a tratamentos de precisão para doenças como a epilepsia.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights