“É com muita preocupação que temos acompanhado os acontecimentos das últimas semanas no Serviço Regional de Saúde, onde a arrogância e teimosia do vice-presidente do governo, a ausência e incapacidade do secretário regional da Saúde e a falta de autoridade e capacidade de liderança do presidente do governo são diretamente responsáveis pelo caos a que infelizmente estamos a assistir”, lê-se numa nota de imprensa.
Citado na nota, João Paulo Ávila, do secretariado regional do PS/Açores, considera que “o desrespeito demonstrado pela classe médica, a inação e incapacidade para resolver atempadamente a situação, e a forma como isso põe em causa a estabilidade, confiança e segurança dos cidadãos no acesso aos cuidados de saúde são inaceitáveis”.
Para o dirigente, a situação evidencia “mais uma vez” que “os egos e lutas partidárias dentro do governo põem em causa a estabilidade que este setor exige”.
“É por isso que exigimos respeito pelos utentes”, sustenta João Paulo Ávila.
Segundo o membro do secretariado regional, “as várias demissões” verificadas nos últimos dias no hospital de Ponta Delgada, a maior unidade de saúde dos Açores, “são o culminar de vários alertas, feitos há vários meses”.
Os socialistas açorianos acusam o executivo regional, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, de não ter “uma ação rápida e eficaz” para “garantir estabilidade, confiança e segurança aos cidadãos que acorrem aos serviços de saúde naquele hospital.”
João Paulo Ávila alerta para “uma situação caótica” no Serviço Regional de Saúde, com “especial evidência” no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
Segundo o dirigente socialista, nesta unidade é “cada vez mais evidente” que o atual conselho de administração “é parte do problema e não parte da solução”.
“Novamente, as lutas partidárias internas no governo estão a comprometer o presente e o futuro dos Açores, em que o que mais interessa aos membros do governo é a forma como sobrepõem a sua vontade e autoridade aos colegas de governo, sejam ou não de outro partido, e não a qualidade de vida dos açorianos e o futuro dos Açores”, aponta João Paulo Ávila.
Médicos dos três hospitais públicos da região (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta) manifestaram recentemente, num abaixo-assinado enviado ao presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, ao vice-presidente, Artur Lima, e ao secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, a sua indisponibilidade para realizar horas extraordinárias para além do limite legal das 150 horas, o que poderá colocar em causa o serviço de urgência este mês.
Na quarta-feira, o presidente do Governo dos Açores confirmou a demissão dos 10 chefes do serviço de urgência do hospital de Ponta Delgada e acrescentou que os conselhos de administração dos três hospitais da região (Ponta Delgada, Horta e Angra do Heroísmo) garantiram que as escalas de urgência “da primeira semana de dezembro estão asseguradas”.
José Manuel Bolieiro revelou ainda que foi aberto um “protocolo negocial” com os sindicatos médicos devido às reivindicações dos profissionais, inclusive quanto a horas extraordinárias.
Na quinta-feira, a responsável nos Açores da Ordem dos Médicos, Margarida Moura, denunciou a falta de condições de assistência aos doentes no hospital de Ponta Delgada, nomeadamente na cirurgia geral, cuja diretora de serviço apresentou também a demissão.
A representante indicou haver “ilegalidade na construção das escalas no Hospital do Divino Espírito Santo”, uma vez que estas foram comunicadas às 19:00 de quarta—feira e deveriam ter sido com cinco dias de antecedência, de acordo com a legislação em vigor.
LUSA/HN
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