Covid-19: Cidade indiana usa reconhecimento facial para detetar infratores

21 de Dezembro 2022

A cidade indiana de Hiderabad está a tirar fotografias a pessoas que não cumprem com as medidas restritivas para combater a Covid-19, através de um sistema de videovigilância, revelou terça-feira a agência de notícias Associated Press (AP).

O reconhecimento facial e a inteligência artificial explodiram na Índia nos últimos anos, tornando-se ferramentas importantes de aplicação da lei.

No entanto, as forças policiais não estão apenas a usar a tecnologia para resolver crimes.

A AP teve acesso às operações no início de 2022 como parte de uma investigação sobre a proliferação de ferramenta de inteligência artificial usadas pelas autoridades policiais em todo o mundo.

Depois de dois atentados islâmicos ter abalado Hiderabad, em 2013, as autoridades instalaram cinco mil câmaras de videovigilância para reforçar a segurança, sendo que atualmente existem 700 mil dentro e em torno da cidade.

Forças policiais e departamentos governamentais têm acesso à videovigilância em tempo real 24 horas por dia através do Centro de Comando e Controlo.

Hiderabad foi uma das primeiras cidades da Índia a usar uma aplicação móvel para detetar infrações de trânsito e de medidas restritivas aplicadas à Covid-19, nomeadamente a utilização de máscara na rua.

O comissário da polícia C.V. Anand disse à AP que as fotografias de trânsito e infratores das regras da pandemia são mantidas apenas o tempo suficiente para garantir que não são necessárias em tribunal e, em seguida, eliminadas.

“Se precisamos de controlar o crime, precisamos ter vigilância”, realçou.

Mas persistem dúvidas sobre a precisão do sistema e foi movida uma ação judicial a contestar a sua legalidade.

Em janeiro, um funcionário de Hiderabad digitalizou a cara de uma jornalista para mostrar como a aplicação de reconhecimento facial funcionava.

Em segundos, apareceram cinco potencias correspondências para criminosos no banco de dados estadual. Três eram homens.

“Hiderabad investiu centenas de milhões de euros em carros-patrulha, câmara de videovigilância, aplicações de reconhecimento facial e rastreamento geográfico e várias centenas de câmaras de reconhecimento facial, entre outras tecnologias”, observou Anand.

O investimento ajudou o Estado a atrair mais investimentos privados e estrangeiros, segundo o comissário, incluindo um centro de desenvolvimento da Apple, inaugurado em 2016, e um centro de dados da Microsoft, anunciado em março.

“Quando essas empresas decidem investir numa cidade, primeiro analisam a situação de lei e ordem”, salientou.

O roubo de joias, por exemplo, caiu de 1.033 incidentes por ano para menos de 50 por anos depois de câmaras e outras tecnologias terem sido implementadas.

A trajetória de Hiderabad está alinhada com a do país. O Departamento Nacional de Registos Criminais (NCRB, na sigla em inglês) do país está a tentar construir o que poderia estar entre os maiores sistemas de reconhecimento facial do mundo.

Com base nos esforços do Governo, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o seu partido Bharatiya Janata (BJP) têm aproveitado o aumento da vigilância tecnológica desde que chegaram ao poder em 2014.

A principal campanha de Narendra Modi – Digital India – visa reformar a infraestrutura digital do país para governar usando informações através da tecnologia.

O Governo promoveu o policiamento inteligente através de drones, câmaras de videovigilância habilitadas para inteligência artificial e reconhecimento facial.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Álvaro Santos Almeida: “Desafios globais da saúde na próxima década”

Álvaro Santos Almeida, Diretor Executivo do Serviço Nacional de Saúde, destacou hoje, no Cascais International Health Forum 2025 os principais desafios globais da saúde para a próxima década, com ênfase no envelhecimento populacional, escassez de profissionais e a necessidade de maior eficiência no setor.

Boletim Polínico: um guia essencial para os doentes alérgicos

Elaborado pela Rede Portuguesa de Aerobiologia (RPA) – um serviço da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) para a comunidade – “o Boletim Polínico pode ajudar os doentes alérgicos a estarem mais atentos e alerta sobre as épocas de polinização das plantas a que são alérgicos e, como tal, tomarem as devidas precauções e seguirem os conselhos dos imunoalergologistas que os acompanham na gestão da doença”, refere Cláudia Penedos, da SPAIC.

Giovanni Viganò: “Itália como laboratório para inovar e implementar reformas no envelhecimento populacional”

Giovanni Viganó, consultor sénior e perito em políticas públicas no Programma Mattone Internazionale Salute (ProMIS), destacou no Cascais International Health Forum 2025 os desafios do envelhecimento populacional e a gestão de doenças crónicas, sublinhando a necessidade de políticas inovadoras e sustentáveis para garantir a viabilidade dos sistemas de saúde em países como Itália e Portugal.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights