Foi da Praça da Batalha, junto ao Teatro Nacional São João, que partiram cerca de mil manifestantes com rosas brancas, apitos, cartazes e faixas, onde se liam palavras de ordem como “Mil razões para lutar, os Direitos das Mulheres não podem esperar”, “Nós damos a vida, exigimos a paz”, “Parar a guerra, dar uma oportunidade à paz”, “Proxenetas aqui não, prostituição é exploração”, “Pela Paz e pelo pão, as mulheres cá estão” ou “Mulher escuta, é tempo é de luta”.
“Nós, mulheres, temos mil razões para lutar e consideramos que os nossos direitos não podem continuar a esperar. A nossa interpretação daquilo que é a situação nacional e internacional e as consequências que tem na vida das mulheres aponta para um agravamento muito grande das nossas condições de vida e de trabalho”, declarou à Lusa, Sandra Benfica, da direção do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), referindo que a manifestação nacional de hoje é a sétima manifestação consecutiva marcada pela organização, para assinalar o dia internacional.
Segundo Sandra Benfica, as mulheres estão a viver uma situação “completamente incompatível com uma ideia de um país desenvolvido” no que diz respeito às desigualdades, às descriminações, às violências.
“Pensamos que estamos a viver uma situação de subexploração e de desrespeito total por aquilo que é o estatuto social das mulheres”. A “crise económica está a ser usada sobretudo para encher os bolsos de uns quantos em detrimento daquilo que é o bem estar da generalidade da população”, disse a dirigente.
Questionada pela Lusa sobre quais os principais problemas que as mulheres estão a sentir atualmente em Portugal, Sandra Benfica destacou, de imediato, a área do trabalho e da saúde.
“Ao nível do trabalho, continuamos a ser as mais preteridas nos trabalhos, a que temos trabalho mais precário, porque ganham salário menor, as que de facto não conseguem conciliar a sua vida laboral, com a vida pessoal, mas também familiar”, disse, recumindo: “Nós não temos tempo para nós”.
Sobre a saúde, Sandra Benfica refere que as mulheres estão a viver uma “situação absolutamente dramática”, designadamente com o “fecho das maternidades”, a falta de “cuidados na gravidez e no pós-parto”.
“As mulheres têm o direito a ter os seus filhos em segurança, as mulheres têm direito a ter os seus filhos numa maternidade do Serviço Nacional de Saúde e não ter uma criança a caminho de um hospital, numa ambulância, com riscos enormes para a sua vida e para a do seu filho”.
A questão da violência doméstica é “insuportável”, lamentou Sandra Benfica.
“A violência doméstica continua a matar em Portugal. Querem legalizar a prostituição como um trabalho para as mulheres, numa altura em que exigimos trabalho com direitos para podermos viver. O custo de vida arrasa-nos completamente”, concluiu.
As cerca de mil pessoas manifestaram-se esta tarde na Praça da Batalha, nas ruas de Santa Catarina e Fernandes Tomás e a ação terminou na zona da Trindade, local onde foram feitas várias intervenções.
LUSA/HN
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