“Nós recebemos a toda a hora – porque estamos ligados às questões da proteção civil -, anúncios de rede de serviços que estão com constrangimentos em determinadas horas. E os utentes têm de ser referenciados para outros hospitais da região”, disse Álvaro Amaro.

“Continua a haver uma insuficiência de recursos para responder também às urgências noutras especialidades que ciclicamente, também têm questões desta natureza. Isto é um autêntico carrossel para as pessoas”, acrescentou o autarca de Palmela, que falava aos jornalistas durante uma manifestação em Setúbal contra o encerramento em fins de semana alternados da urgência pediátrica do Centro Hospitalar de Setúbal.

A manifestação organizada pela União de Sindicatos de Setúbal (USS) e diversas comissões de utentes contou com a presença de cerca de 50 pessoas, mas os promotores prometem uma grande mobilização na manifestação do próximo dia 15 de abril, aprovada na quinta-feira no Fórum Intermunicipal da Saúde, em que estiveram representantes das comissões de utentes, dos profissionais de saúde e das câmaras Municipais de Palmela, Sesimbra e Setúbal.

“A força do protesto não se mede, naturalmente, por estas pessoas mais inquietas e mais inconformadas, até porque as pessoas que aqui estão representam muitas outras, porque estão aqui comissões de utentes que representam muitos milhares de pessoas”, disse Álvaro Amaro.

“Essa força ver-se-á seguramente na manifestação do dia 15 de abril, pelas 15:00”, assegurou Álvaro Amaro, lembrando que a realização dessa manifestação foi aprovada por unanimidade no Fórum Intermunicipal da Saúde, onde estiveram estruturas representativas da sociedade civil, representantes de médicos e enfermeiros, bem como autarcas dos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal.

Para Emília Leite, da comissão de Utentes dos serviços Públicos de Sesimbra, a manifestação de protesto realizada hoje foi mais uma forma de luta para tentar inverter a realidade dos últimos anos, de “desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

“Eu tenho três filhos pequenos. Se eu tiver que investigar qual é a urgência pediátrica que está aberta, são mais cinco, dez minutos que eu vou perder, para além do tempo da deslocação”, disse Emília Leite, convicta de que muitos utentes não iriam à urgência se tivessem uma boa resposta nos cuidados primários de saúde.

“Como é óbvio, o mais importante é tratar das coisas a montante, ou seja, nos cuidados primários. O facto de existirem 7.000/8.000 utentes sem médico de família só na Quinta do Conde, por exemplo, faz com que as pessoas venham às urgências gerais por uma gripe, por uma otite, por uma coisa que era desnecessário vir às urgências”, sublinhou, convicta de que o problema só se resolve com o reforço de recursos humanos e melhores condições de trabalho para os profissionais de saúde.

A Direção Executiva do SNS anunciou que o Hospital de São Bernardo passa a encerrar quinzenalmente a urgência de pediatria, entre as 21:00 de sexta-feira e as 09:00 de segunda-feira, adiantando que os horários deste plano vigoram de 01 de abril a 30 de junho.

De acordo com a estratégia de reorganização dos serviços de urgência de pediatria na Área Metropolitana de Lisboa, também os serviços de urgência pediátrica dos hospitais de São Francisco Xavier (Lisboa) e do Centro Hospitalar do Oeste (Torres Vedras) vão encerrar à noite a partir de 01 de abril.

As restantes urgências pediátricas mantêm-se permanentemente abertas, nomeadamente nos hospitais Santa Maria e D. Estefânia, ambos em Lisboa, Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), Vila Franca de Xira, Cascais, Hospital Garcia de Orta, em Almada, Santarém e centros hospitalares Barreiro-Montijo, Médio Tejo (Torres Novas) e Oeste (Caldas da Rainha).

LUSA/HN