Êxodo de brasileiros e portugueses durante pandemia COVID 19 é obstáculo aos negócios na China

26 de Março 2023

Empresários disseram à Lusa que o êxodo de cidadãos lusófonos da China durante a pandemia de covid-19 pode atrasar o reforço dos laços económicos entre os dois lados durante a retoma da economia chinesa

O presidente da Câmara Brasil-China de Comércio, Indústria, Serviço e Inovação (BraCham, na sigla em inglês) estima que entre 30% a 40% dos “200 e poucos” empresários brasileiros partiram devido às restrições impostas por Pequim para controlar o novo coronavírus.

“Por questões familiares, acabaram por abandonar a China e voltaram ao Brasil”, explicou à Lusa Henry Osvald, empresário radicado em Guangzhou, no sul do país, desde 2004.

Entre 15% a 20% das empresas brasileiras na China acabaram por fechar portas e, no caso de mais “20% a 30%”, o proprietário preferiu continuar as operações a partir do Brasil, referiu o líder da Bracham.

Desde meados de dezembro que a China abandonou a política de ‘zero covid’, que durante quase três anos impunha restrição das entradas no território, aposta em testagens em massa, confinamentos de zonas de risco e quarentenas.

Mas Henry Osvald prevê que, dos empresários brasileiros que residiam na China antes da pandemia, “pouquíssimos devem regressar”, até porque o custo de vida nas grandes cidades chinesas “é bastante elevado comparado com o Brasil”.

Também em Macau se notou durante a pandemia um agravamento da tendência de “saída de portugueses” sem serem “substituídos por novos portugueses”, disse à Lusa o secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa.

“Essa é uma grande dificuldade de um empresário [português] interessado em constituir uma empresa em Macau: encontrar talento disponível para fazer a gestão dos seus interesses”, lamentou Bernardo Mendia.

O empresário espera que, durante a visita do líder do Governo de Macau, Ho Iat Seng, a Portugal, entre 18 e 22 de abril, haja uma “conjugação de esforços” para “apostar mais no uso da língua portuguesa e na atração de talentos que falem português”.

Mendia defendeu a criação de “programas específicos de benefícios e vantagens que atraiam mais portugueses para Macau, no sentido de reforçar com urgência, em número e qualificação, a comunidade portuguesa” na região chinesa.

Inverter a tendência de êxodo lusófono, algo que “coloca em causa a singularidade de Macau”, serviria também para “reforçar o próprio projeto” do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), acrescentou.

O Fórum Macau foi criado em 2003 pelas autoridades de Pequim e engloba Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e, desde abril de 2021, a Guiné Equatorial.

NR/HN/Lusa

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