IL quer que doentes sem médico de família possam recorrer ao privado

2 de Maio 2023

O presidente da Iniciativa Liberal ouviu hoje várias queixas de utentes que esperaram horas para ser atendidas no centro de saúde de Algueirão Mem-Martins, em Sintra, e defendeu a possibilidade de os doentes sem médico de família poderem recorrer ao privado

Um dos testemunhos ouvidos por Rui Rocha foi o de Serafim dos Santos, 79 anos, que disse à Lusa estar à porta do centro de saúde da freguesia de Algueirão Mem-Martins desde cerca das três da manhã.

“Isto acontece em todos os primeiros dias úteis de cada mês porque há muitas pessoas em Sintra que não têm médico de família – mais de 100 mil pessoas em Sintra não têm medico de família – e aqui, neste centro de saúde, a única oportunidade que têm de tentar uma consulta é virem cá no primeiro dia útil do mês”, disse Rui Rocha, em declarações aos jornalistas.

Uma das queixas das largas dezenas de pessoas que esperavam em fila do maior centro de saúde do país, e que tem cerca de 42 mil utentes inscritos, é a falta de abrigo, ou até de uma casa de banho, uma vez que as pessoas esperam em pé encostadas ao edifício.

“Hoje é um dia ameno mas isto acontece no inverno, com sol, com chuva, não há nenhum tipo de cobertura, não há nenhum tipo de proteção para as pessoas que aqui estão e, como eu digo, é algo que se repete sistematicamente. Isto é francamente inadmissível, nós não podemos, no Portugal de 2023, considerar que isto é normal”, lamentou Rui Rocha.

Na fila encontravam-se idosos, mas também crianças e até bebés, com algumas pessoas a abrigarem-se do sol – já quente pelas 08:45 da manhã – com chapéus-de-chuva.

Rui Rocha salientou que as pessoas acabam por recorrer às urgências hospitalares depois de não conseguirem aceder a estes serviços, apontando que “há dados que dizem que quase metade dos episódios de urgência hospitalar não são verdadeiras urgências”.

O líder da IL lembrou que o partido já propôs que na falta de capacidade do Estado para proporcionar médico de família, seja permitido às pessoas “recorrer a serviços privados”.

O dirigente acrescentou também que “o Estado, neste momento, não consegue atrair muitos profissionais” de saúde por duas razões.

“Primeiro, porque há muitas estruturas – estruturas de direção, de gestão – onde são colocadas pessoas por vínculo partidário e não pela sua competência, e isso desmotiva as equipas, faz com que as equipas não se sintam reconhecidas”, afirmou.

Por outro lado, continuou, “tem que haver uma maior competitividade das remunerações e das compensações”.

“Precisamos de uma função pública, de médicos, de professores, de uma função pública em geral organizada em função de objetivos, da sua produtividade e depois com uma remuneração obviamente competitiva no mercado face àquilo que entregam nas suas funções”, defendeu.

O centro de saúde de Algueirão Mem-Martins foi inaugurado no dia 25 de abril de 2021 pelo primeiro-ministro, António Costa, e representou um investimento na ordem dos quatro milhões de euros, de acordo com o ‘site’ da Câmara Municipal de Sintra.

NR/HN/Lusa

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