Numa declaração na sede nacional do PCP, em Lisboa, Bernardino Soares, membro do Comité Central, acusou o Governo de continuar uma “política de limitação da capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), para transferir ainda mais recursos públicos para o setor privado”.
Para o dirigente comunista, o executivo “continua a não valorizar os profissionais de saúde, prossegue na política de encerramento e concentração de serviços, mantém uma política de desinvestimento”.
“Trata-se de uma política que converge com as orientações do PSD e dos partidos da direita em geral e corresponde objetivamente à estratégia em curso para uma crescente privatização dos cuidados de saúde e aos interesses dos grupos económicos”, declarou Bernardino Soares.
Entre as várias críticas à situação do SNS, o dirigente comunista destacou as “quase 600 mil pessoas a aguardar uma primeira consulta de especialista” e 190 mil à espera de uma cirurgia.
Ao mesmo tempo, disse, “agrava-se a situação dos cuidados primários de saúde”, como demonstra o facto de, no final de março, haver cerca de 1,6 milhões de pessoas sem médico de família.
“O anúncio recente da abertura de concursos com 900 vagas para os centros de saúde e 1.500 vagas para especialidades hospitalares (…) mostra que o Governo optou por deixar os cerca de 1.300 recém-especialistas que terminaram a formação até março, à mercê da ofensiva do setor privado para a sua contratação”, criticou.
Por outro lado, Bernardino Soares disse ser “inaceitável que, quer o ministro da Saúde, quer o diretor executivo do SNS” considerem “um sucesso contratar 250 especialistas em medicina geral e familiar” e “600 ou 700 especialistas hospitalares”, o que disse corresponder a “pouco mais de um quarto e menos de meta das vagas respetivamente anunciadas”.
“Como o PCP tem denunciado, a opção pela não valorização dos profissionais de saúde está a retirar a atratividade ao SNS com prejuízo para o acesso de todos ao direito à saúde como a Constituição consagra”, referiu.
Bernardino Soares considerou ainda que, apesar da multiplicação da criação de Unidades Locais de Saúde (ULS), os resultados já mostraram que o funcionamento destas unidades não se traduziu numa “melhor articulação dos cuidados”, mas antes por “uma gestão orientada para a concentração de serviços”.
“O que está em curso, sob a capa de reorganização, é o encerramento de mais serviços e o abrir de caminho para a crescente contratação a nível local de prestadores privados”, alertou.
Perante este contexto, Bernardino Soares defendeu a “necessidade de inverter esta política de destruição do SNS, apostando na valorização dos seus profissionais, no aumento do investimento e numa maior autonomia das unidades do SNS”.
LUSA/HN
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