Investigadores da área da saúde de sete países lusófonos debatem desafios do intercâmbio

5 de Maio 2023

Está a decorrer a 5.ª Reunião Internacional da Rede Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia (RACS), na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde, organizada por um consórcio constituído pelos membros deste país.

Ao longo dos três dias do encontro (3, 4 e 5 de maio), professores, investigadores e profissionais interessados na temática da saúde discutem caminhos para o intercâmbio e o desenvolvimento da cooperação internacional nos países lusófonos, para a mobilidade académica e para a promoção das relações bilaterais e multilaterais, para a difusão internacional da produção e do conhecimento científico e para a formação ao longo da vida.

A RACS é uma organização de instituições de ensino superior na área da saúde de sete países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), com a missão de promover a formação e a cooperação científica neste setor no espaço lusófono. Atualmente regista meia centena de membros efetivos e entidades parceiras e abrange mais de 90.000 estudantes e 4.500 docentes.

Na cerimónia de abertura, Jorge Conde, presidente da RACS e do Politécnico de Coimbra, sublinhou o facto de se tratar do primeiro encontro presencial depois dos constrangimentos provocados pela pandemia, facto que, ainda assim, não afetou o crescente interesse na Rede, dado que às 51 instituições de ensino superior que a constituem juntam-se 32 entidades parceiras, onde se contam unidades prestadoras de cuidados de saúde, ordens e associações profissionais, sociedades científicas da área da saúde e associações de doentes, a par de associados a título individual.

O responsável chamou a atenção para as dificuldades que as instituições da Rede continuam a sentir quando pretendem que os seus professores e investigadores e os seus alunos façam mobilidade entre as instituições dos diversos países. “É urgente um acordo no quadro da CPLP que garanta que um estudante, um professor ou um funcionário não docente que pretendem realizar uma mobilidade normalmente inferior a seis meses de duração o possam fazer com regras transfronteiriças aligeiradas, quiçá sem visto”, afirmou.

Jorge Conde referiu que estão em concretização um conjunto de projetos que ajudarão a levar mais longe o conhecimento do trabalho realizado pelos membros da Rede e enumerou os principais projetos que a RACS tem desenvolvido: a criação de 17 Núcleos Académicos, a criação da RevSalus – Revista Científica da RACS com edição bilingue, o projeto de Mobilidade Académica Internacional MOTUS, a Rede de Bibliotecas da RACS INDEXRACS, o Observatório do Ensino Superior da Saúde em Territórios de Língua Portuguesa e o Boletim da RACS. Para o responsável, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela Rede e o crescimento da mesma permitirá levá-la a um patamar “onde o seu papel será determinante na definição de estratégias e políticas do ensino da saúde”. “Estou certo que granjearemos progressivamente o reconhecimento das entidades governamentais dos nossos países e seremos capazes de entregar cada vez mais soluções para o ensino da saúde, mas também para a prática das profissões do setor e da sua investigação”, concluiu.

Na sessão de abertura, o reitor da Universidade do Mindelo, Albertino Graça, salientou a importância da realização do evento na cidade e das temáticas a discutir. Referiu que a mobilidade académica “é uma área estratégica de cooperação, no entanto, ela ainda é escassa”. “A isenção de vistos, a livre circulação de estudantes, professores, investigadores, reitores e presidentes é imprescindível para aumentar esta cooperação e a mobilidade”, disse, solicitando ao Presidente da República, presente na cerimónia, para usar as suas competências para tomar as diligências necessárias para agilizar esta questão.

O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, por sua vez, reconheceu a importância da construção de redes, de partilhas, de discussão e trocas de conhecimento e informação, no sentido de promover políticas públicas. “A investigação é de extrema relevância, nomeadamente na saúde. A saúde exige mais do que o estrito conceito de saúde. A saúde é holística, o que implica agir interdisciplinarmente sobre um conjunto de fatores que condicionam a saúde, nomeadamente ao nível da saúde animal e da saúde ambiental”, afirmou, referindo-se especificamente à promoção da saúde e à prevenção da doença.

LUSA/HN

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