OMS fala em “momento certo” de avançar para a gestão da Covid-19

6 de Maio 2023

O comité de emergência da Organização Mundial da Saúde considerou esta sexta-feira ser o “momento certo de avançar” para a gestão da Covid-19, que deixou de ser um “evento incomum e inesperado” que justifique um nível de alerta mais elevado.

“Embora a emergência de saúde pública global (PHEIC, na sigla em inglês) tenha sido um instrumento valioso para apoiar a resposta global à covid-19, o comité concordou que é o momento certo para avançar para a gestão a longo prazo do SARS-CoV-2 como um problema de saúde contínuo”, adiantou a organização (OMS) em comunicado.

O diretor-geral da OMS declarou hoje o fim da emergência de saúde pública para a Covid-19 a nível global, aceitando a recomendação do comité de emergência, um órgão que reúne peritos de várias áreas e que se reuniu na quinta-feira pela 15.ª vez para avaliar a situação da pandemia.

“No último ano, o comité de emergência e a OMS têm estado a analisar os dados com cuidado, considerando quando seria o tempo certo para baixar o nível de alarme. Ontem, o comité de emergência reuniu-se pela 15.ª vez e recomendou-me que declarasse o fim da emergência global. Eu aceitei esse conselho”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus em conferência de imprensa.

Segundo disse, esta decisão significa, na prática, que este é o momento para os países fazerem a transição do modo de emergência para a gestão da Covid-19 em simultâneo com outras doenças infecciosas.

A PHEIC, o nível mais alto de alerta da OMS, foi declarada em 30 de janeiro de 2020, numa altura em que pouco mais de 100 casos de infeção pelo coronavírus tinham sido detetados fora da China, sem nenhuma morte registada.

Segundo a OMS, mais de três anos depois, foram reportados oficialmente cerca de sete milhões de mortos, mas o diretor-geral da OMS admitiu que o número real de óbitos é “várias vezes maior”, chegando a “pelo menos 20 milhões”.

Na reunião de quinta-feira, os peritos do comité avaliaram a situação da pandemia à luz dos três critérios definidos na PHEIC: Se a covid-19 continuava a constituir um evento extraordinário, se se mantinha o risco de saúde pública para outros Estados através da disseminação internacional e se potencialmente requeria uma resposta internacional coordenada.

De acordo com a OMS, o comité de emergência considerou que, embora o SARS-CoV-2 continue a circular e a evoluir, com o risco de surgimento de novas variantes, “já não constitui um evento incomum ou inesperado”, mas Tedros Adhanom Ghebreyesus salientou que pode voltar a convocar esse órgão, se a situação vier a exigi-lo.

“Chegar ao ponto em que a covid-19 pode ser considerada como não constituindo mais uma PHEIC deve ser visto como um reconhecimento à coordenação internacional e ao compromisso com a saúde global”, destacaram ainda os especialistas.

Na sequência da decisão hoje tomada, a OMS recomendou aos países que atualizem os planos de preparação para pandemias de agentes patógenos respiratórios, incorporando as aprendizagens da Covid-19, e que restaurem os programas de saúde afetados pela pandemia.

Além disso, devem integrar a vacinação contra a Covid-19 nos programas de vacinação ao longo da vida, assim como manter os esforços para aumentar a cobertura vacinal contra a Covid-19 para todas as pessoas dos grupos de alta prioridade.

A organização recomendou ainda que os países continuem a levantar as medidas de saúde relacionadas com viagens internacionais, com base em avaliações de risco, e a deixar de exigir comprovativos de vacinação como pré-requisito para essas deslocações.

No seu parecer à OMS, os membros do comité destacaram a tendência decrescente das mortes por Covid-19, a diminuição das hospitalizações e dos internamentos em unidades de cuidados intensivos e os elevados níveis de imunidade da população mundial ao SARS-CoV-2.

Segundo a OMS, a nível global, foram administradas cerca de 13,3 mil milhões de doses de vacinas contra a Covid-19.

Atualmente, 89% dos profissionais de saúde e 82% dos adultos com mais de 60 anos completaram a vacinação primária, embora a cobertura nesses grupos prioritários varie em diferentes regiões do mundo.

“A Covid-19 deixou – e continua a deixar – cicatrizes profundas no nosso mundo. Essas cicatrizes devem servir como um lembrete permanente do potencial de surgimento de novos vírus, com consequências devastadoras”, alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

LUSA/HN

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