Gaia usa técnica não cirúrgica para tratamento de nódulos da tiroide em patologia maligna

24 de Maio 2023

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E), que realiza desde 2021 termoablações da tiroide, uma técnica não cirúrgica de tratamento de nódulos, já iniciou procedimentos em patologia maligna, foi hoje descrito à Lusa.

“Já tratamos dois carcinomas da tiroide e duas lesões de significado indeterminado [lesões que a biópsia não consegue dizer com certeza se é uma lesão maligna ou não] e nesses casos o tratamento habitual é a cirurgia, mas há doentes que recusam ou que não têm condições cirúrgicas, daí o benefício desta técnica”, descreveu Teresa Dionísio, médica radiologista de intervenção do CHVNG/E.

Em declarações à agência Lusa, nas vésperas do Dia Mundial da Tiroide que se assinala quinta-feira, a médica descreveu o percurso deste centro hospitalar que foi “pioneiro” ao implementar uma técnica que é ainda pouco usada em Portugal e que foi importada do Oriente.

Em causa está um procedimento não cirúrgico com o nome termoablação da tiroide.

Teresa Dionísio descreveu que “é colocada uma antena [nome técnico que na prática consiste numa agulha] dentro de uma lesão que está ligada a um gerador que vai provocar um aumento da temperatura que faz com que o nódulo seja destruído”.

“Trata-se de uma técnica não cirúrgica para a destruição de nódulos na tiroide. É uma técnica usada há anos em órgãos como fígado, pulmão, rim, osso, e, recentemente, surgiram antenas com dimensões menores que nos permitem tratar com mais destreza um compartimento sensível como é o pescoço”, descreveu.

O CHVNG/E faz termoablação por micro-ondas de nódulos da tiroide desde junho de 2021, tendo já tratado 85 nódulos, dos quais, dois carcinomas papilares (BethesdaVI), duas lesões foliculares de significado indeterminado (Besthesda III) e 81 nódulos benignos (Bethesda II).

Os pacientes que beneficiaram desta “técnica inovadora” têm idades compreendidas entre os 14 e os 84 anos.

Dados remetidos à Lusa por este centro hospitalar apontam que o CHVNG/E tem 26 doentes com ‘follow up’ completo, ou seja acompanhados há 12 meses.

Segundo Teresa Dionísio esta técnica revela-se “importante no tratamento de situações particulares em que o doente não tem indicação para cirurgia”.

A título de exemplo a médica contou que um dos pacientes que apresentava patologia maligna, tinha também outro cancro, um carcinoma do pulmão, estando a fazer quimioterapia, logo sem indicação para ser operado à tiroide apesar de ter uma doença maligna na tiroide.

“Um ano depois, feito o ‘follow up’, constatamos que continua livre da doença da tiroide”, completou.

São também “candidatos” ao recurso a esta técnica, doentes com outras doenças do foro cardíaco ou respiratório e não têm condições para anestesia geral.

“Esta técnica como é só de anestesia local, é uma ótima alternativa para vários doentes”, acrescentou a médica radiologista de intervenção do CHVNG/E, lembrando os casos de doentes que recusam ser operados ou que, pela idade já avançada, se acredita que não beneficiariam de uma cirurgia.

“Esta técnica ainda é muito pouco utilizada em Portugal, mas já é utilizada com frequência em outros países. A dificuldade é começar e conseguir provar que é seguro. Muitas vezes sabemos que há relutância de colegas de enviar os doentes para uma técnica nova. Mas [em Gaia] conseguimos dar esses primeiros passos há quase dois anos. Temos a garantia de que a técnica é segura e eficaz e temos notado que, à medida que o tempo avança, recebemos cada vez mais doentes enviados por endocrinologistas, cirurgiões e médicos de família”, concluiu.

NR/HN/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Cáritas de Coimbra em projeto europeu para demência

Advertisement

Uma tecnologia baseada em sensores de inteligência artificial 3D, testada num projeto europeu liderado em Portugal pela Cáritas Diocesana de Coimbra, foi divulgada hoje como solução para melhorar o cuidado de pessoas com demência.

MAIS LIDAS

Share This