Associação quer pelo menos 10 mil bombeiros em estudo sobre alterações do sono

5 de Junho 2023

A Associação Chama Saúde apelou hoje aos bombeiros para participarem no primeiro estudo nacional sobre alterações do sono, para diagnosticar e tratar casos de apneia do sono e detetar doenças associadas à sua atividade como ‘stress’ pós-traumático, ‘burnout’ e insónia.

O inquérito já está a decorrer e responderam mais 800 bombeiros voluntários, mas o objetivo é abranger pelo menos 10.000, dos cerca de 40.000 existentes no país, disse à agência Lusa a presidente da associação sem fins lucrativos, que resultou de um movimento de cidadãos, maioritariamente médicos, e visa a promoção da saúde dos bombeiros e demais agentes de serviço público.

A pneumologista explicou que a realização do inquérito resultou de estudos internacionais, segundo os quais a alteração da qualidade do sono nos bombeiros é uma realidade decorrente das alterações dos ritmos circadianos que pode existir por privação de sono em tarefas como a supressão de incêndios rurais havendo aumento dos níveis de fadiga e diminuição da performance nas tarefas a executar.

Por outro lado, indicam outros estudos, os trabalhadores por turnos têm maior tendência para ter alteração da qualidade do sono e da sua eficácia.

Segundo Cecília Longo, o estudo pretende caracterizar a saúde dos bombeiros com enfoque no sono, estimar a magnitude dessas alterações e o perfil de hábitos do sono dos bombeiros.

“Diagnosticar e tratar tudo o que se encontra alterado, nomeadamente a síndrome da apneia do sono”, detetar outras doenças como o ‘stress’ pós-traumático, o ‘burnout’ e a insónia, que muitas vezes também está relacionado com a atividade dos bombeiros, “melhorar o conhecimento dos efeitos de saúde do trabalho dos bombeiros e implementar medidas e recomendações práticas e avaliar o seu impacto económico”, são outros objetivos do estudo.

Cecília Longo alertou que “atividades em que há necessidade de esforço físico e capacidade de decisão atempada como é o caso dos bombeiros, podem estar criticamente comprometidas em caso de patologia do sono, o que pode ser dramático pois põe risco a segurança quer do bombeiro e quer da população em geral”.

Segundo a pneumologista, fatores cardiovasculares e obesidade podem contribuir para a existência de apneia do sono que quando diagnosticada pode ser completamente revertida com o tratamento.

Quem tem a patologia do sono, habitualmente tem dores de cabeça, ressona, tem muita sonolência diurna, um menor rendimento intelectual e andam muito cansados habitualmente. Portanto, apelou, “este tipo de sintomas faz com que as pessoas devam responder ao questionário”.

Dos 800 bombeiros que já responderam ao inquérito, 60% tinha alterações do sono e já se começaram a fazer os estudos cardiorrespiratórios. “Isto significa que os bombeiros que tinham algumas alterações sentiram premência em responder ao inquérito”, contou.

As respostas ao inquérito serão estratificadas em grupos de risco de patologia do sono e nos bombeiros considerados de alto risco serão realizados estudos do sono e depois serão encaminhados para tratamento.

A associação está em contacto com a Direção-Geral da Saúde para a criação de uma “via verde do sono” para que os bombeiros fossem encaminhados diretamente para o hospital. Em alternativa, o bombeiro poderá levar o estudo ao médico de família que o canalizará para o hospital da área de residência.

LUSA/HN

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