O Ministério da Saúde tem estado, nos últimos dias, a ser alvo de críticas por parte da sociedade civil e da oposição política depois de ter decidido não renovar o contrato de mais de dois mil funcionários do setor, incluindo médicos, enfermeiros e outros técnicos, que não faziam parte dos quadros da função pública.
Mas, também pela falta de medicamentos e outros consumíveis necessários para dar resposta aos doentes.
“Isso paralisou os hospitais, centros e postos de saúde”, disse à Lusa o secretário-geral da RENETIL, Joaquim da Fonseca.
Questionado pela Lusa sobre quantos postos de saúde estão encerrados em todo o território nacional devido à falta de funcionários, Joaquim da Fonseca não precisou números exatos, mas salientou que com exceção de Díli, nos restantes 12 municípios há vários postos de saúde encerrados.
“Não temos números certos, mas nos 12 municípios não havia um sem postos de saúde encerrados. Todos têm postos de saúde encerrados e estão a enviar para os centros de saúde dos municípios, que também estão carenciados, e os enviam para o hospital central de Díli”, afirmou.
“O hospital nacional está caótico e esgotado não tem espaço para doentes”, disse.
Para Joaquim da Fonseca, o “Ministério da Saúde decidiu acabar com os contratos de funcionários essenciais ao funcionamento do setor”.
Segundo a imprensa timorense, que cita o Ministério da Saúde, aqueles funcionários foram contratados para fazer face à pandemia da covid-19.
Em maio de 2023, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou fim da covid-19 como uma emergência de saúde internacional.
“O medo que temos agora é se acontecer uma pandemia o nosso sistema de saúde não tem capacidade de responder. Estamos na época das chuvas e tudo pode acontecer”, afirmou, salientando que a “capacidade de resposta está a um nível muito baixo”.
Joaquim Fonseca sustenta também a sua preocupação com os dados sobre o setor disponíveis em 2020.
“Segundo as estatísticas, em 2020, havia 671 médicos em Timor-Leste, ou seja, para 1.000 cidadãos havia 0,04 médicos. Se alguns daqueles médicos foram despedidos onde é que o Ministério da Saúde vai contratar novos?”, questionou o secretário-geral da RENETIL.
A RENETIL exige agora ao Governo que “reveja as necessidades em termos de funcionários nos serviços de saúde e que tome medidas urgentes” para dar respostas às necessidades do setor.
Em relação à aquisição de medicamento, a RENETIL sugere que “vale a pena” o Governo “explorar a cooperação internacional, incluindo com a Organização Mundial de Saúde”.
“Temos de estar abertos, reconhecer que temos problemas e convidar os nossos parceiros e amigos a apoiarem”, disse, deixando críticas ao Ministério da Saúde por contratar uma empresa de engenharia civil para importar e fazer o transporte de medicamentos.
Joaquim da Fonseca manifestou satisfação com a visita realizada na terça-feira pelo vice-primeiro-ministro, ministro coordenador dos Assuntos Sociais e ministro do Desenvolvimento Rural e Habitação Comunitária, Mariano Sabino, às instalações do Hospital Nacional Guido Valadares.
“Estamos com esperança para uma solução porque o vice-primeiro-ministro Mariano Sabino visitou as instalações do hospital com a ministra da Saúde e esperamos que vão desenhar uma solução rápida, imediata e adequada para esta situação”, salientou.
LUSA/HN
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