Caso gémeas: BE quer ter acesso ao relatório da IGAS

5 de Abril 2024

O BE quer ter acesso ao relatório da Inspeção Geral das Atividades em Saúde, que conclui pela ilegalidade do acesso à consulta de neuropediatria das gémeas luso-brasileiras tratadas com um medicamento de milhões de euros, foi esta sexta-feira divulgado.

Num requerimento, assinado pela coordenadora do partido, Mariana Mortágua, e pelo líder parlamentar, Fabian Figueiredo, os bloquistas referem-se a um comunicado da IGAS divulgado na quinta-feira com a conclusão e recomendação do relatório, que indica “que o processo de referenciação, inscrição em lista e acesso a consulta e tratamento não respeitaram os trâmites legais”.

“Colocam-se, por isso, várias questões, desde logo o porquê de tal ter acontecido, a mando de quem e com que possíveis consequências para outros utentes que potencialmente aguardassem por consulta e tratamento”, sustentam os deputados do BE no documento.

O BE sublinha que é “fundamental que o relatório da inspeção levada a cabo seja analisado e os factos ali apurados sejam acessíveis”, requerendo o seu acesso à IGAS.

O presidente do Chega, André Ventura, anunciou na quinta-feira que vai avançar com o pedido para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito a este caso.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) concluiu, segundo um relatório divulgado na quinta-feira, que o acesso à consulta de neuropediatria das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria com um medicamento de milhões de euros foi ilegal, tendo recomendado ao Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde que cumpra o circuito de submissão, avaliação e aprovação dos pedidos de AUE, nos termos do regulamento sobre a AUE prevista no Estatuto do Medicamento.

Em comunicado, o Infarmed assegurou que “cumpriu no caso em questão e continuará a cumprir a legislação em vigor em matéria de AUE”.

O caso das gémeas residentes no Brasil que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam no Hospital de Santa Maria, em 2020, o medicamento Zolgensma, com um custo total de cerca de quatro milhões de euros, foi divulgado pela TVI, em novembro, e está ainda a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República.

No início deste ano, a Comissão Parlamentar da Transparência tinha autorizado a antiga ministra da Saúde Marta Temido e o ex-secretário de Estado António Lacerda Sales a prestarem depoimentos à IGAS no âmbito deste caso.

Este caso motivou algumas audições no parlamento, como a da ex-ministra da Justiça Catarina Sarmento e Castro ou a do presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, mas o PS rejeitou as audições dos dois antigos governantes, que se manifestaram disponíveis para prestar explicações ao Ministério Público e à IGAS.

Uma auditoria interna do Hospital de Santa Maria já tinha concluído que a marcação da primeira consulta hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras neste caso.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Médio Oriente: Hamas pede para população se afastar de “armadilhas mortais”

O grupo islamita palestiniano Hamas pediu hoje à população da Faixa de Gaza para se afastar de pontos de entrega de ajuda humanitárias que considera “armadilhas mortais”. Segundo o Hamas, os pontos de distribuição de alimentos e de ajuda humanitária de emergência têm sido alvo de disparos que já provocaram a morte a mais de 300 pessoas nas últimas três semanas.  

O que leva algumas mães à depressão perinatal?

Tristeza persistente, fadiga, alterações no sono e apetite ou perda de interesse são sintomas frequentes das mães que sofrem de depressão perinatal. Como evoluem estes sintomas ao longo do tempo? Estudo pioneiro seguiu a trajetória de mães com esta condição e concluiu que a sensibilidade elevada a estímulos internos e externos pode aumentar o risco de depressão, enquanto o apoio do parceiro na gravidez tem um efeito protetor.

Primeiro inibidor da BTK aprovado para LCM na Europa

A EMA aprovou o acalabrutinib (Calquence®) como o primeiro e único inibidor da BTK para tratamento de adultos com linfoma das células do manto, tanto em doentes não tratados previamente como em casos de recidiva ou refratários, marcando um avanço terapêutico significativo.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights