Médica defende Banco de Leite Humano como política pública em Angola

13 de Maio 2024

A coordenadora do Banco de Leite Humano (BLH) de Angola defendeu hoje que este apoio aos bebés recém-nascidos deve ser uma política pública em Angola para abranger as 18 províncias do país.

Elisa Gaspar, que fazia hoje o lançamento do 1.º Congresso de Bancos de Leite Humano da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre entre 13 e 16 de maio, em Luanda, disse que o encontro vai refletir sobre a utilização do leite materno como alimento terapêutico para os bebés que dele necessitam.

A médica pediatra e mentora do 1.º BLH de Angola, inaugurado em novembro de 2019 na Maternidade Lucrécia Paim, em Luanda, espera que depois do congresso o banco de leite seja uma política pública em Angola “para que se possa estender a todas as províncias” do país.

“Pensamos e queremos mesmo que todas as províncias tenham o seu banco de leite para poder acudir os nossos recém-nascidos”, referiu a médica, citada pela imprensa angolana.

A responsável apontou a escassez de profissionais como a principal dificuldade que o BLH angolano enfrenta, contando apenas com uma médica, duas enfermeiras e uma microbiologista voluntária, manifestando o desejo que tal dificuldade seja ultrapassada após o encontro.

“Gostaríamos de ter mais pessoas a trabalhar connosco para podermos ter mais tempo de trabalho no BLH”, concluiu Elisa Gaspar, também bastonária da Ordem dos Médicos de Angola.

O BLH angolano, projeto de cooperação brasileira, tem uma capacidade de recolha diária de 100 litros de leite, doados por mulheres, que se deslocam para o efeito à unidade hospitalar.

Os bancos de leite humano representam uma estratégia para proteger e apoiar o aleitamento materno, envolvendo a recolha, processamento e distribuição de leite para bebés prematuros ou de baixo peso que não podem ser alimentados pelas mães, além de oferecer suporte e orientação ao aleitamento materno.

O Brasil lidera a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo, combinando baixo custo com alta qualidade e tecnologia, uma rede partilhada com mais de 20 países na América Latina, Caribe e Europa.

Angola juntou-se em novembro de 2019 à lista de países africanos que contam com Bancos de Leite Humano, inspirados no modelo brasileiro, tornando-se o quarto pais da CPLP a implementar um centro deste género, localizado na Maternidade Lucrécia Paim, com capacidade de armazenar 100 litros de leite por mês.

Até finais de maio do ano passado tinham sido recolhidos 206,5 litros de leite, que beneficiaram mais de 1.600 bebés, segundo a agência de notícias angolana Angop.

O congresso, que acontece em formato híbrido, organizado pelos Governos de Angola e do Brasil, em parceria com o Secretariado Executivo da CPLP, decorre sob o lema “Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional para Recém-Nascidos de Risco e Lactentes”.

LUSA/HN

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