“Estamos particularmente preocupados com a evolução da doença nas áreas que albergam refugiados, principalmente nos estados de Kassala, Gedaref e Jazirah”, disse Hambrouck, salientando que “para além de acolherem refugiados de outros países, estes estados também abrigam milhares de sudaneses deslocados”.
Até agora, já foram registados 119 casos de cólera nos três campos de refugiados em Kassala, havendo já cinco mortos nesse estado, de acordo com as informações do Ministério da Saúde local, citados pela representante do UNHCR no Sudão.
O recente surto de cólera ressurgiu e cresceu depois de várias semanas de chuvas fortes, que originaram várias inundações, lembrou Hambrouck, notando que “os riscos são agravados pelo contínuo conflito e pelas difíceis condições humanitárias, que incluem a sobrepopulação dos campos de refugiados e a limitação em termos de pessoal e equipamento médico”.
Para além dos casos de cólera, há um crescente número de casos de malária e diarreia que estão a ser registados, num contexto em que os esforços das organizações humanitárias são dificultados pelas condições de violência, insegurança e chuvas persistentes no país.
Os avisos do UNHCR surgem no mesmo dia em que a Organização Mundial de Saúde anunciou que vai enviar mais 455 mil doses da vacina para o Sudão.
“A primeira vaga de cólera terminou em maio passado, com mais de 11.300 casos e mais de 300 mortes, e agora estamos a assistir a uma segunda vaga de cólera, que foi declarada a 12 de agosto”, disse o representante da OMS para o Sudão, Shible Sahbani, numa conferência de imprensa regular das agências da ONU.
“Oficialmente, o primeiro caso foi notificado a 22 de julho”, explicou, salientando que o Sudão, que se encontra em guerra civil há mais de um ano, tem de se debater com muitas outras doenças, incluindo o sarampo, a dengue e a malária.
A cólera é uma infeção diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com a bactéria Vibrio cholerae, provocando diarreia e desidratação grave, que podem levar à morte em poucas horas.
De acordo com a OMS, foram registados até à data 658 casos e 28 mortes em cinco Estados, com uma taxa de letalidade “elevada”, nos 4,3%.
Desde o início do conflito no Sudão, mais de 10 milhões de pessoas foram deslocadas das suas casas, num contexto em que as agências de ajuda internacional se debatem com falta de financiamento, tendo lançado repetidos pedidos de financiamento internacional para aumentar o nível da ajuda.
LUSA/HN
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