Um estudo apresentado hoje na Assembleia da República revela obstáculos significativos no acesso a terapêuticas inovadoras para doentes com psoríase em Portugal, uma doença que afeta cerca de 440 mil portugueses. A investigação, conduzida pela PSOPortugal – Associação Portuguesa da Psoríase, surge num momento em que se assinala o Dia Mundial da Psoríase.
O projeto “Impacto da Psoríase e do Acesso ao Tratamento na vida do Doente Psoriático”, que reuniu dados de mais de 600 doentes e diversos dermatologistas, identificou que 16% dos inquiridos enfrentam dificuldades no acesso a medicamentos biológicos. Entre estes, 63% relatam problemas persistentes, enquanto 37% indicam um agravamento recente na situação.
Um dos principais obstáculos identificados é a necessidade de deslocações frequentes a hospitais distantes para o levantamento trimestral da medicação, afetando particularmente doentes das regiões do Alentejo, Algarve, Açores e Madeira, que se veem forçados a viajar até Lisboa. Esta situação foi reportada por 26% dos inquiridos com dificuldades de acesso.
O impacto destas limitações manifesta-se de várias formas na vida dos doentes: 45% relatam ansiedade, 39% enfrentam custos financeiros acrescidos, 26% verificam prejuízos na assiduidade laboral e 16% reportam consequências negativas na vida social e familiar. Adicionalmente, 24% dos doentes seguidos no setor privado enfrentaram questionamentos sobre a justificação da prescrição ao tentar levantar a medicação em hospitais do SNS.
Em Portugal, estima-se que cerca de 14.000 doentes estejam em tratamento com terapêuticas biológicas, que são comparticipadas a 100% quando prescritas em consultas especializadas reconhecidas, tanto no SNS como no setor privado.
Face a este cenário, a PSOPortugal apresentou propostas concretas de políticas de saúde, incluindo a revisão e atualização das Normas de Orientação Clínica para a Psoríase da Direção-Geral da Saúde e a revisão das Orientações da Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica.
A sessão “Psoríase e Acesso ao Tratamento: Impacto na vida do doente” decorreu no auditório António de Almeida Santos, contando com a presença de representantes parlamentares, profissionais de saúde e responsáveis da associação.
Jaime Melancia (na imagem), Presidente da PSOPortugal, destacou o aumento significativo dos relatos de dificuldades no último ano, particularmente entre novos doentes a iniciar terapêutica biológica, sublinhando a urgência na implementação das soluções propostas para melhorar a qualidade de vida dos doentes.
PR/HN/MMM
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