Redes Hemostáticas: Uma Inovação na Prevenção de Complicações em Cirurgias de Facelift

11/11/2024
A técnica de Rede de Sutura Hemostática, desenvolvida pelo Dr. André Aursvald e aapresentada em 2011, surge como uma solução promissora para reduzir a incidência de hematomas pós-operatórios em cirurgias de facelift, uma das complicações mais frequentes deste procedimento estético. Em entrevista ao Healthnews, Diogo Andrade Guimarães, especialista em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética fala desta técnica, suas vantagens e implicações na prática cirurgica

Healthnews (HN) – Qual é a principal complicação do facelift e como ela se manifesta?

Diogo Andrade Guimarães (DAG) – A principal complicação em termos de gravidade e frequência do facelift cervicofacial, ou ritidectomia, é o risco de lesão nos nervos faciais, que pode causar paralisia temporária ou permanente de músculos do rosto ou alterações da sensibilidade. A lesão neurológica mais frequente é a alteração da sensibilidade da orelha. Contudo, a complicação mais frequente é o hematoma. Outras complicações incluem infeção, necrose da pele e cicatrizes visíveis ou alargadas.

HN – Como diferenciar um hematoma de equimoses normais após a cirurgia?

DAG – A principal diferença é que um hematoma implica o aumento de volume de uma determinada zona, que habitualmente não está presente no pós-operatório imediato, enquanto as equimoses referem-se apenas à alteração da coloração da pele que pode ter associado, ou não, um hematoma.

HN – Quais são fatores tradicionalmente controlados para prevenir hematomas no pós-operatório de facelift?

DAG – No pré-operatório, o mais importante é parar medicamentos que promovam a hemorragia, nomeadamente os antiagregantes e anticoagulantes. No intraoperatório é extremamente importante realizar uma hemóstase cuidadosa, manter as tensões relativamente baixas, e utilizar estratégias para reduzir o espaço morto, nomeadamente a cola de fibrina ou as redes hemostáticas. No pós-operatório é essencial evitar esforços, manter a tensão arterial bem controlada e cumprir repouso.

HN – Mesmo com as técnicas tradicionais de prevenção, qual é a incidência de hematomas relatada em alguns estudos?

DAG – A incidência varia em média entre 1 e 8%, dependendo dos estudos.

HN – Em que consiste a técnica de Rede de Sutura Hemostática e onde ela foi apresentada?

DAG – Esta técnica foi desenvolvida e popularizada pelo Dr. André Aursvald na sequência da sua publicação científica em 2011. A técnica consiste em pontos de sutura que vão desde a superfície (pele) até as camadas mais profundas, uma estrutura denominada SMAS. Esta abordagem tem como objetivo encerrar todo o espaço “morto” criado durante a dissecção cirúrgica, ajudando a que os tecidos adiram, evitando o hematoma.

Entrevista MMM

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Chamadas para o SNS24 disparam 71% ao ano, mas taxa de atendimento cai para 75%

O serviço de atendimento telefónico SNS24 registou um crescimento anual de 71% no volume de chamadas desde 2023, ultrapassando os níveis pré-pandemia. Contudo, a capacidade de resposta não acompanhou este boom, com a taxa de chamadas atendidas a cair para 74,9%, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo

ULSEDV Promove Primeiro Encontro Conjunto para Cuidados da Mulher e da Criança

A Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga organiza a 11 e 12 de novembro de 2025 as suas primeiras Jornadas da Saúde da Mulher e da Criança. O evento, no Europarque, em Santa Maria da Feira, visa consolidar a articulação clínica entre os hospitais e os centros de saúde da região, num esforço para uniformizar e melhorar os cuidados prestados.

Projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” foca cancro da bexiga para quebrar estigma

A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde lançou uma nova temporada do projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” dedicada ao cancro da bexiga. Especialistas e doentes unem-se para combater o estigma em torno dos sintomas e alertar para a importância do diagnóstico atempado desta doença, que regista mais de 3.500 novos casos anuais em Portugal.

Maria Alexandra Teodósio eleita nova Reitora da Universidade do Algarve

O Conselho Geral da Universidade do Algarve elegeu Maria Alexandra Teodósio como nova reitora, com 19 votos, numa sessão plenária realizada no Campus de Gambelas. A investigadora e atual vice-reitora, a primeira mulher a liderar a academia algarvia, sucederá a Paulo Águas, devendo a tomada de posse ocorrer a 17 de dezembro, data do 46.º aniversário da instituição

Futuro da hemodiálise em Ponta Delgada por decidir

A Direção Regional da Saúde dos Açores assegura que nenhuma decisão foi tomada sobre o serviço de hemodiálise do Hospital de Ponta Delgada. O esclarecimento surge após uma proposta do BE para ouvir entidades sobre uma eventual externalização do serviço, que foi chumbada. O único objetivo, garante a tutela, será o bem-estar dos utentes.

Crómio surge como aliado no controlo metabólico e cardiovascular em diabéticos

Estudos recentes indicam que o crómio, um mineral obtido através da alimentação, pode ter um papel relevante na modulação do açúcar no sangue e na proteção cardiovascular, especialmente em indivíduos com diabetes tipo 2 ou pré-diabetes. Uma meta-análise publicada na JACC: Advances, que incluiu 64 ensaios clínicos, revela que a suplementação com este oligoelemento está associada a melhorias em parâmetros glicémicos, lipídicos e de pressão arterial, abrindo caminho a novas abordagens nutricionais no combate a estas condições

Alzheimer Portugal debate novos fármacos e caminhos clínicos em conferência anual

A Conferência Anual da Alzheimer Portugal, marcada para 18 de novembro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai centrar-se no percurso que vai “Da Ciência à Clínica”. Especialistas vão analisar os avanços no diagnóstico, novos medicamentos e a articulação entre cuidados de saúde e apoio social, num evento que pretende ser um ponto de encontro para famílias e profissionais

Bayer anuncia redução significativa de marcador renal com finerenona em doentes com diabetes tipo 1

A finerenona reduziu em 25% o marcador urinário RACU em doentes renais com diabetes tipo 1, de acordo com o estudo FINE-ONE. Este é o primeiro fármaco em mais de 30 anos a demonstrar eficácia num ensaio de Fase III para esta condição, oferecendo uma nova esperança terapêutica. A segurança do medicamento manteve o perfil esperado, com a Bayer a preparar-se para avançar com pedidos de aprovação regulatória.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights