“O Chega chamará de urgência ao parlamento a ministra da Saúde, já na próxima semana, para que dê justificações sobre o modelo que tem adotado de resposta do SNS às necessidades básicas da população, bem como para justificar e explicar este absurdo modelo de triagem prévia que está a implementar nos hospitais e nos serviços de urgência”, anunciou o líder do partido em conferência de imprensa.
André Ventura referia-se à pré-triagem telefónica que entrou hoje em vigor e que prevê que as grávidas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, incluindo o Hospital Distrital de Leiria, terão de ligar para a Linha SNS Grávida antes de recorrerem à urgência hospitalar de Obstetrícia e Ginecologia. Para o líder do Chega, “o conceito de urgência é posto em causa” com esta situação, que ” é mais uma medida de gestão do que uma medida de saúde”.
“Isto tem apenas um sentido, evitar dizer que as urgências estão fechadas ou estão encerradas, para dizer que estão referenciadas. Os nomes pouco importam, o que importa é que o Governo falhou em manter as unidades de urgência abertas e agora quer criar uma medida de cosmética que mostra aos portugueses que conseguiram fazer alguma coisa quando não conseguiram fazer nada”, criticou.
O líder do Chega apontou também falhas nos cuidados de saúde primários, considerando que a falta de resposta leva mais pessoas às urgências.
Na sede do Chega, em Lisboa, indicou que os deputados querem questionar também a ministra Ana Paula Martins “sobre a veracidade das denúncias” que o partido diz que tem recebido “de que estão a ser marcados os atos médicos e cirúrgicos sem qualquer articulação com o serviço médico, com o único objetivo de mostrar números mais baixos nas listas de espera e no acesso a atos médicos”.
Ventura indicou que o pedido dará entrada na Assembleia da República “na próxima semana” e defendeu que a audição “poderia ser para a semana, se houver abertura para isso”.
“Eu acho que fazia sentido ser na próxima semana, e eu falarei também com o presidente da Assembleia da República esta tarde, a ver se será possível agendar isto para a semana. Acho que era do interesse de todos” que a audição acontecesse “antes do pico do inverno começar”, referiu.
O presidente do Chega voltou a falar hoje nestas denúncias, depois de ter confrontado o primeiro-ministro no debate quinzenal da semana passada. André Ventura não quis concretizar a que unidades hospitalares se refere, dizendo apenas que “um dos casos é do Algarve”, desafiando os jornalistas a investigar.
O líder do Chega disse que estão em causa “vários serviços” e que estas situações se prendem “em regra” com a marcação de consultas e cirurgias.
“Isto é grave porque, para além de ser cosmética feita na saúde, nos serviços mais importantes para a vida das pessoas, revela também uma obsessão do Governo em enganar os utentes, apresentando números que teoricamente seriam melhores, mas que na verdade são tão maus quanto aqueles que deixou o anterior Governo”, acusou.
Ventura considerou que “o objetivo é, a todo custo e sem qualquer critério ou sem qualquer limite ético, apresentar à população um nível de trabalho e de eficácia médica que não existe”.
Considerando que “as medidas que o Governo tem tomado nesta matéria não são boas e são ineficazes”, o presidente do Chega disse que o partido avocará “todos os decretos que o Governo apresente nesta matéria da saúde, para que possam ser discutidos e melhorados em sede parlamentar”, acusando o executivo de governar com “arrogância” e de ter “maus resultados”.
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