Um estudo recente realizado pelo programa “Mais Contigo”, que visa a promoção da saúde mental e a prevenção do suicídio em contexto escolar, revelou uma diminuição na sintomatologia depressiva moderada ou grave entre adolescentes em Portugal.
A avaliação, que abrangeu 265 instituições de ensino e cerca de 17 mil jovens, indicou que a percentagem de adolescentes afetados desceu de 30,1% no ano letivo 2022-2023 para 26,2% no ano letivo 2023-2024. Apesar deste decréscimo, os especialistas alertam para a necessidade de um “trabalho sistemático de proximidade” nas escolas.
O coordenador nacional do programa, José Carlos Santos, apresentou os resultados numa sessão na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), onde destacou que, embora a redução seja um “bom indicador”, os números ainda são motivo de preocupação. O programa, que tem vindo a crescer desde a sua criação em 2009, realizou intervenções significativas em todas as regiões de Portugal, incluindo as regiões autónomas da Madeira e dos Açores.
Durante o último ano letivo, as intervenções conseguiram reduzir a sintomatologia depressiva entre os alunos, passando de 26,2% para 23% após as ações. Contudo, Santos sublinhou que as raparigas continuam a apresentar maiores vulnerabilidades em todas as variáveis estudadas, com 61,6% dos adolescentes em maior risco de comportamentos suicidários a serem do sexo feminino.
Além disso, os dados do programa indicam que a taxa de suicídio entre jovens de 15 a 24 anos aumentou para 4,9 por 100.000 habitantes em 2022, um dado que merece atenção redobrada. A UNICEF já alertou que o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens dos 15 aos 19 anos, enfatizando a urgência de intervenções eficazes.
José Carlos Santos enfatizou a importância de um acompanhamento contínuo e um maior envolvimento de profissionais de saúde mental nas escolas, incluindo psicólogos e enfermeiros, para lidar com o estigma e os desafios associados à saúde mental.
O programa “Mais Contigo” é apoiado pela Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental e continua a trabalhar para melhorar a saúde mental dos adolescentes em Portugal, promovendo um ambiente escolar seguro e solidário.
ESEnfC/HN/AL
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