Projeto científico identifica zona no cérebro que pode induzir o envelhecimento

1 de Janeiro 2025

Um grupo de investigação norte-americano identificou em ratos mudanças genéticas no cérebro que induzem o envelhecimento, assim como a zona onde essas alterações estarão mais presentes, foi hoje anunciado.

Os resultados desta investigação, publicados hoje na revista científica Nature, poderão contribuir para o desenvolvimento de terapias para atrasar ou controlar a deterioração das células causada pela idade.

A equipa de investigação, do Instituto Allen para as Ciências do Cérebro, em Seattle, nos Estados Unidos, fez um mapeamento genético de mais de 1,2 milhões de células de 16 regiões do cérebro de ratos jovens (com dois meses) e velhos (com 18 meses), no âmbito de uma iniciativa dos Estados Unidos de investigação dedicada a criar neurotecnologias.

Os ratos partilham várias semelhanças com os humanos em relação à estrutura, função, genes e tipos de células do cérebro.

Ao estudar os cérebros de ratos jovens e velhos, os investigadores conseguiram identificar que há dezenas de tipos de células específicas que sofrem mudanças significativas na sua expressão genética com a idade.

Os genes associados à inflamação aumentam a sua atividade com o envelhecimento, referem os investigadores.

Além disso, este projeto identificou uma zona específica do cérebro, no hipotálamo, em que se produz de forma intensa tanto a diminuição da função neuronal como o aumento da inflamação.

As mudanças mais significativas foram observadas em células próximas do terceiro ventrículo do hipotálamo, uma zona do cérebro que produz hormonas que controlam, entre outros, a temperatura corporal, a ingestão de alimentos, o uso da energia recebida na comida, o metabolismo e a forma como o corpo utiliza os nutrientes.

De acordo com os investigadores, esta conclusão implica que existe uma ligação entre dieta, estilo de vida, envelhecimento cerebral e mudanças genéticas que podem influenciar uma maior vulnerabilidade a transtornos cerebrais relacionados com a idade.

“A nossa hipótese é que há tipos de células no cérebro que vão ficando menos eficientes com a idade e contribuem para o envelhecimento do resto do corpo”, afirmou a primeira autora do artigo científico, Kelly Jin.

A investigadora considera que o estudo aponta as base para o desenvolvimento de novas intervenções dietéticas ou farmacológicas para combater o envelhecimento celular e manter a saúde neurológica até uma idade avançada.

A investigação cujos resultados foram agora publicados está em linha com outros estudos recentes que relacionam o envelhecimento com mudanças metabólicas e que sugerem uma dieta equilibrada para uma melhoria da esperança de vida.

NR/HN/Lusa

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