OMS revê prioridades para cortar custos face a abandono dos EUA

24 de Janeiro 2025

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou hoje estar a rever as suas prioridades face à retirada dos Estados Unidos da sua lista de membros, mas sublinhou ter um papel crucial na monitorização da saúde daquele país.

“Estamos a analisar as atividades a financiar como prioridade” e “a suspender as contratações, exceto nas áreas mais críticas”, avançou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa carta interna citada pela agência de notícias francesa AFP.

Admitindo esperar que o Presidente norte-americano, Donald Trump, reconsidere a decisão de abandonar a organização, o diretor-geral explicou que a situação implica um agravamento da situação financeira da OMS.

O anúncio causou também “muita preocupação e incerteza ao pessoal da OMS”, disse, adiantado que terão de ser tomadas medidas “para mitigar os riscos” e “proteger o mais possível as atividades e o pessoal da organização”.

A ordem executiva para retirar os EUA da OMS foi assinada no próprio dia da tomada de posse de Donald Trump.

O novo Presidente já tinha criticado duramente a organização pela forma como lidou com a pandemia de covid-19.

“A OMS defraudou-nos”, acusou na segunda-feira o republicano, ao assinar o decreto, justificando a retirada com a diferença entre as contribuições financeiras dos Estados Unidos e da China para a organização.

Os Estados Unidos são o principal doador e parceiro da OMS, uma organização da ONU sediada em Genebra, na Suíça.

“Lamentamos esta decisão e esperamos que a nova administração reconsidere a sua posição”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Estamos prontos para termos um diálogo construtivo que preserve e fortaleça a relação histórica entre a OMS e os Estados Unidos”, assegurou o diretor-geral da organização do universo da ONU.

Ao retirarem-se da organização, os Estados Unidos perderão o acesso privilegiado a dados importantes de vigilância epidémica, alertaram vários especialistas, o que poderá prejudicar as capacidades de monitorização e prevenção de ameaças à saúde provenientes do estrangeiro.

Esta retirada é ainda mais preocupante porque acontece numa altura em que a elevada circulação do vírus da gripe aviária nos Estados Unidos está a aumentar os receios de uma futura pandemia.

O país registou a sua primeira morte humana ligada ao vírus H5N1 no início de janeiro.

Numa conferência de imprensa hoje realizada, o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, lembrou que a organização “protege os Estados Unidos” das ameaças à saúde.

“A epidemia de gripe H5N1 é um exemplo, e muitas pessoas já nos contactaram para expressar as suas preocupações” porque temem “que os dados deixem de ser comunicados e partilhados”, disse.

O porta-voz destacou ainda o papel importante dos Estados Unidos nesta monitorização da saúde.

“Se os Estados Unidos parassem de comunicar alguma coisa, isso representaria um problema real”, alertou.

lusa/HN

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