Funcionários de saúde dos EUA instruídos para cessarem de imediato trabalho com OMS

27 de Janeiro 2025

Os funcionários das autoridades de saúde pública dos Estados Unidos foram instruídos para parar de trabalhar com a Organização Mundial de Saúde (OMS), com efeitos imediatos.

Um dirigente do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, John Nkengasong, enviou um memorando aos altos funcionários da agência no domingo à noite, informando que todos os elementos que trabalham com a OMS devem interromper imediatamente as suas colaborações e “aguardar novas orientações”.

A agência Associated Press (AP) teve acesso a uma cópia do memorando de Nkengasong, que indica que a política de paralisação do trabalho se aplica a “todos os funcionários do CDC que interagem com a OMS através de grupos de trabalho técnicos, centros de coordenação, conselhos consultivos, acordos de cooperação ou outros meios, pessoalmente ou virtualmente”.

O documento refere também que as equipas do CDC não têm permissão para visitar os escritórios da OMS.

Segundo a AP, os especialistas argumentam que a paragem repentina foi uma surpresa e atrasará o trabalho de investigação e a tentativa de impedir surtos do vírus Marburg e do mpox em África, bem como outras ameaças emergentes em todo o mundo.

A suspensão da interação entre o CDC e a OMS também acontece numa altura em que as autoridades de saúde de todo o mundo estão a executar medidas de proteção contra a gripe aviária.

Na semana passada, o Presidente norte-americano, Donald Trump, emitiu uma ordem executiva para iniciar o processo de saída da OMS, mas esta não entrou imediatamente em vigor.

“Eles [China] estão a pagar 39 milhões de dólares (37,6 milhões de euros, em contribuições para a OMS). Nós estávamos a pagar 500 milhões (482 milhões de euros). Parece-me um pouco injusto”, alegou o político republicano, que regressou no dia 20 de janeiro à Casa Branca.

O abandono da OMS exige a aprovação do Congresso e que os Estados Unidos cumpram com as suas obrigações financeiras para o presente ano fiscal. Washington também deve fornecer um aviso prévio de um ano.

“Interromper as comunicações e as reuniões com a OMS é um grande problema”, comentou Jeffrey Klausner, especialista em saúde pública da Universidade do Sul da Califórnia que colabora com a agência da ONU contra infeções sexualmente transmissíveis.

“As pessoas pensaram que haveria uma retirada lenta. Isto realmente apanhou toda a gente de surpresa”, observou Klausner, que disse ter tido conhecimento da suspensão imediata através de um membro do CDC.

“Falar com a OMS é uma via de dois sentidos”, acrescentou, referindo que a organização e as autoridades de saúde dos Estados Unidos beneficiam mutuamente das respetivas experiências.

Uma autoridade de saúde dos Estados Unidos, que não estava autorizada a falar sobre o memorando e falou com a AP sob anonimato, confirmou a suspensão.

Já um porta-voz da OMS encaminhou as perguntas sobre a retirada de Washington para as autoridades norte-americanas.

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos não responderam ainda a um pedido de esclarecimentos.

LUSA/HN

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