Uma equipa internacional de investigadores, co-liderada pela cientista portuguesa Adriana Sánchez-Danés do Laboratório de Biologia do Cancro e das Células Estaminais da Fundação Champalimaud, em Lisboa, fez uma descoberta revolucionária no campo da oncologia. O estudo, publicado na prestigiada revista Cell Discovery, revela o papel fundamental da proteína Survivina na iniciação e progressão do carcinoma basocelular, o tipo de cancro de pele mais comum em seres humanos.
O carcinoma basocelular, também conhecido como basalioma, afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora geralmente tratável com cirurgia, em alguns casos pode tornar-se metastático ou localmente agressivo. Esta nova investigação lança luz sobre os mecanismos moleculares subjacentes ao desenvolvimento deste tipo de cancro, abrindo portas para potenciais terapias preventivas.
A equipa de investigação demonstrou que a Survivina, uma proteína envolvida na regulação da divisão celular e na inibição da morte celular programada, desempenha um papel crucial na transformação de células estaminais da pele em células cancerígenas. Através de estudos em modelos animais, os cientistas descobriram que a sobre-expressão do gene da Survivina não só inicia o processo cancerígeno nas células estaminais, mas também confere às células progenitoras, normalmente resistentes ao cancro, a capacidade de formar tumores.
Um dos aspectos mais inovadores desta investigação é a descoberta de que a inibição da Survivina em lesões pré-cancerosas pode impedir a sua progressão para tumores invasivos. Esta constatação abre caminho para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas preventivas.
Os investigadores exploraram duas abordagens promissoras: a utilização direta de inibidores da Survivina e a inibição de uma proteína chamada SGK1. Ambas as estratégias demonstraram potencial para prevenir a progressão do carcinoma basocelular em modelos experimentais.
A Dra. Sánchez-Danés destaca a importância destes resultados, afirmando que “a Survivina pode ajudar-nos, no futuro, a evitar a geração de carcinomas basocelulares invasivos”. A investigadora acrescenta que a descoberta mais surpreendente foi a capacidade da Survivina em tornar células normalmente resistentes ao cancro em células competentes para a formação tumoral.
Esta investigação representa um avanço significativo na compreensão e potencial tratamento do cancro de pele mais comum. As implicações clínicas são promissoras, uma vez que vários inibidores da Survivina já estão em desenvolvimento e em fase de ensaios clínicos. Além disso, a possibilidade de aplicação tópica destes inibidores na forma de creme poderia minimizar os efeitos secundários, tornando o tratamento mais seguro e eficaz.
O estudo não só contribui para o conhecimento fundamental sobre o desenvolvimento do cancro de pele, mas também oferece esperança para milhões de pessoas em todo o mundo que são afetadas por esta doença. À medida que a investigação avança, é possível que num futuro próximo vejamos o surgimento de novas terapias preventivas baseadas nestes resultados, revolucionando a abordagem ao carcinoma basocelular e potencialmente salvando inúmeras vidas.
PR/HN/MM
Bom texto e muito útil.