Covid-19: Reforçada vigilância epidemiológica e acelerada identificação de surtos em Angola

12 de Fevereiro 2025

O Governo angolano considerou que a experiência vivida no decurso da pandemia da covid-19 reforçou a vigilância epidemiológica em todos os municípios do país, permitindo hoje detetar e bloquear imediatamente surtos como a poliomelite e a cólera.

De acordo com a diretora nacional de Saúde Pública de Angola, Helga Freitas, passados cinco anos desde que África detetou o primeiro caso da covid-19, o reforço da vigilância epidemiológica, com a formação de técnicos em todo o país, foi uma das lições apreendidas com a pandemia.

“Nós reforçámos a vigilância epidemiológica com a formação dos técnicos. Neste momento, a nível dos municípios de Angola há um sistema fortalecido de vigilância epidemiológica com equipas preparadas para dar resposta a surtos e epidemias e isso não temos dúvida nenhuma que foi a nossa grande lição aprendida com a covid-19”, disse.

Em declarações à Lusa, Helga Freitas apontou a resposta das autoridades ao surto da poliomelite (pólio), registado em 2024, e a deteção do surto da cólera, que se alastra pelo país desde janeiro passado, como resultado do reforço da vigilância epidemiológica imposta pela covid-19.

Acrescentou que este reforço inclui também vigilância laboratorial e ambiental, feita pelo Instituto Nacional de Investigação em Saúde, órgão que em 2024 detetou numa amostra ambiental vírus da pólio tipo 2.

“Rapidamente conseguiu-se mobilizar fundos e fazer-se uma campanha de bloqueio”, referiu a responsável, destacando também as ações das equipas rápidas que, no início de janeiro, detetaram os primeiros casos de cólera e trabalham no terreno para conter o surto.

“Também mobilizámos a nível internacional vacinas para contenção do surto [da cólera] e para mim essa foi a grande lição apreendida com o fortalecimento do sistema, foi sem dúvida o reforço da vigilância epidemiológica a nível nacional”, insistiu.

Para Helga Freitas, a covid-19 trouxe outra visão global sobre a importância da saúde pública e uma visão de resposta integrada a epidemias ou pandemias.

Angola, que notificou o primeiro caso de transmissão local de covid-19 em abril de 2020, registou um acumulado de 35.854 casos, incluindo 800 óbitos, devido a covid-19, cujo primeiro caso foi detetado em África (no Egito) há cinco anos, em 14 de fevereiro.

A diretora nacional de Saúde Pública de Angola, departamento do Ministério da Saúde, destacou igualmente as medidas do Governo na contenção da pandemia durante três meses, o que permitiu ao país fazer aquisições de máscaras e material de biossegurança.

“Não havia quase no mundo [material de biossegurança] e Angola conseguiu preparar-se nesse período e conseguiu de facto ir buscar material de biossegurança e produtos médicos à China” e preparar centros de tratamento, centros de isolamento e medidas de contenção, recordou.

Observou, por outro lado, que nenhum sistema de saúde do mundo estava preparado, na altura, para enfrentar a covid-19, referindo que a pandemia desafiou completamente os sistemas e também fortaleceu os sistemas nas respostas a epidemias, surtos e pandemias.

“Penso que este é o grande legado que a covid-19 deixou. Lamentavelmente, perderam-se muitas pessoas, incluindo profissionais de saúde, mas penso que os sistemas de saúde se fortaleceram e estão mais preparados para dar respostas”, sinalizou.

Segundo Helga Freitas, as autoridades angolanas atuaram “muito bem” na gestão da pandemia, passados cinco anos, uma gestão que seria replicada caso surto emergisse hoje.

“Obviamente tomaram-se medidas sanitárias que em termos económicos tiveram o seu impacto – como o Estado de Emergência decretado pelo Presidente angolano – mas foi uma necessidade e, portanto, eu não faria diferente, faríamos exatamente igual”, concluiu a responsável.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.731.297 mortos no mundo, resultantes de mais de 173,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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