Brasil impulsiona aumento no uso de pesticidas a nível mundial – ONU

25 de Fevereiro 2025

A quantidade de pesticidas utilizada em todo o mundo aumentou 4% em 2022 para 3,7 milhões de toneladas, impulsionada pela Brasil, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

De acordo com os mais recentes dados da agência da ONU, o Brasil continuou a ser de longe o principal utilizador de pesticidas, 801 mil toneladas, mais 11% do que em 2021.

Os agricultures dos Estados Unidos ficaram em segundo lugar, com 468 mil toneladas em 2022, uma subida de 2%.

Em ambos os países, os agricultores limitam geralmente a lavoura em campos de culturas importantes, como trigo, milho e soja, o que exige mais herbicidas.

Em termos de quantidade por hectare, entre os maiores utilizadores globais, o Vietname e o Brasil formam a dupla líder, com mais de 10 quilos de pesticidas por hectare.

Devido ao peso do Brasil (21% do consumo global de pesticidas) e dos Estados Unidos (13% do consumo global), o continente americano tem sido o maior consumidor do mundo desde meados da década de 1990, com um novo salto de 10% em 2022, para 1,89 milhões de toneladas.

Somando todos os países, este continente representa mais de metade (51%) do consumo global.

A segunda maior região consumidora, a Ásia, reduziu o uso de pesticidas em 1% em 2022, para 1,05 milhões de toneladas, após anos de aumentos, e a quantidade usada por hectare é inferior à média mundial, 1,60 quilos.

Por outro lado, a Ásia é, de longe, o maior exportador de pesticidas: 3,5 milhões de toneladas, num valor de 21,7 mil milhões de dólares (20,7 mil milhões de euros).

Classificada em terceiro lugar entre as regiões consumidoras, a Europa (13% do consumo global) reduziu a utilização de pesticidas em 7% em 2022, para 480 mil toneladas.

Em África, o consumo estabilizou em 2022, nas 209 mil toneladas, menos mil toneladas do que no ano anterior. Este continente representou apenas 5% do consumo global nos últimos dez anos.

Além de exterminar as espécies a que se destinam, os pesticidas estão a provocar efeitos devastadores em centenas de tipos de micróbios, fungos, plantas, insetos, peixes, aves e mamíferos em todo o planeta, de acordo com o primeiro estudo a avaliar o impacto dos pesticidas em todos os tipos de espécies em habitats terrestres e aquáticos.

A investigação, conduzida por uma equipa internacional e liderada pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China Oriental, foi publicada em 13 de fevereiro na Nature Communications e conclui que os pesticidas são uma das principais causas da crise da biodiversidade.

A equipa reviu mais de 1.700 estudos de laboratório e de campo sobre os efeitos de 471 tipos diferentes de pesticidas.

Em mais de 800 espécies, os pesticidas afetaram a taxa de crescimento, o sucesso reprodutivo e até alteraram comportamentos, como a capacidade de capturar presas, encontrar plantas para se alimentar, movimentar-se ou atrair um parceiro.

lusa/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Chamadas para o SNS24 disparam 71% ao ano, mas taxa de atendimento cai para 75%

O serviço de atendimento telefónico SNS24 registou um crescimento anual de 71% no volume de chamadas desde 2023, ultrapassando os níveis pré-pandemia. Contudo, a capacidade de resposta não acompanhou este boom, com a taxa de chamadas atendidas a cair para 74,9%, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo

ULSEDV Promove Primeiro Encontro Conjunto para Cuidados da Mulher e da Criança

A Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga organiza a 11 e 12 de novembro de 2025 as suas primeiras Jornadas da Saúde da Mulher e da Criança. O evento, no Europarque, em Santa Maria da Feira, visa consolidar a articulação clínica entre os hospitais e os centros de saúde da região, num esforço para uniformizar e melhorar os cuidados prestados.

Projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” foca cancro da bexiga para quebrar estigma

A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde lançou uma nova temporada do projeto “Com a Saúde Não Se Brinca” dedicada ao cancro da bexiga. Especialistas e doentes unem-se para combater o estigma em torno dos sintomas e alertar para a importância do diagnóstico atempado desta doença, que regista mais de 3.500 novos casos anuais em Portugal.

Maria Alexandra Teodósio eleita nova Reitora da Universidade do Algarve

O Conselho Geral da Universidade do Algarve elegeu Maria Alexandra Teodósio como nova reitora, com 19 votos, numa sessão plenária realizada no Campus de Gambelas. A investigadora e atual vice-reitora, a primeira mulher a liderar a academia algarvia, sucederá a Paulo Águas, devendo a tomada de posse ocorrer a 17 de dezembro, data do 46.º aniversário da instituição

Futuro da hemodiálise em Ponta Delgada por decidir

A Direção Regional da Saúde dos Açores assegura que nenhuma decisão foi tomada sobre o serviço de hemodiálise do Hospital de Ponta Delgada. O esclarecimento surge após uma proposta do BE para ouvir entidades sobre uma eventual externalização do serviço, que foi chumbada. O único objetivo, garante a tutela, será o bem-estar dos utentes.

Crómio surge como aliado no controlo metabólico e cardiovascular em diabéticos

Estudos recentes indicam que o crómio, um mineral obtido através da alimentação, pode ter um papel relevante na modulação do açúcar no sangue e na proteção cardiovascular, especialmente em indivíduos com diabetes tipo 2 ou pré-diabetes. Uma meta-análise publicada na JACC: Advances, que incluiu 64 ensaios clínicos, revela que a suplementação com este oligoelemento está associada a melhorias em parâmetros glicémicos, lipídicos e de pressão arterial, abrindo caminho a novas abordagens nutricionais no combate a estas condições

Alzheimer Portugal debate novos fármacos e caminhos clínicos em conferência anual

A Conferência Anual da Alzheimer Portugal, marcada para 18 de novembro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai centrar-se no percurso que vai “Da Ciência à Clínica”. Especialistas vão analisar os avanços no diagnóstico, novos medicamentos e a articulação entre cuidados de saúde e apoio social, num evento que pretende ser um ponto de encontro para famílias e profissionais

Bayer anuncia redução significativa de marcador renal com finerenona em doentes com diabetes tipo 1

A finerenona reduziu em 25% o marcador urinário RACU em doentes renais com diabetes tipo 1, de acordo com o estudo FINE-ONE. Este é o primeiro fármaco em mais de 30 anos a demonstrar eficácia num ensaio de Fase III para esta condição, oferecendo uma nova esperança terapêutica. A segurança do medicamento manteve o perfil esperado, com a Bayer a preparar-se para avançar com pedidos de aprovação regulatória.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights