Especialistas pedem comparticipação de medicamentos como Ozempic para a obesidade

3 de Março 2025

A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia pediu hoje a comparticipação de medicamentos como o Ozempic para tratar a obesidade e lamentou que os doentes com excesso de peso sejam criticados quando pedem esta medicação.

“É fundamental que estes fármacos sejam comparticipados para o tratamento da obesidade, com evidentes vantagens para a saúde dos indivíduos e para a sociedade no longo prazo”, apela a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) num comunicado divulgado a propósito do Dia Mundial da Obesidade, que se assinala na terça-feira.

No documento, a sociedade médica refere-se aos “agonistas GLP1 e GIP, [que incluem o injetável Ozempic] inicialmente apenas disponibilizados para diabéticos, mas agora já com indicação para o tratamento da obesidade mesmo sem diagnóstico de diabetes”.

Em Itália, exemplifica a sociedade, esta medicação é disponibilizada a indivíduos com índice de massa corporal superior a 27 Kg/m2, desde que cumpram a dieta e o exercício físico recomendados.

A SPG alerta também para a importância de reduzir o estigma associado à obesidade: “Os indivíduos com excesso de peso ou obesidade que tentam obter esta medicação são altamente criticados, sendo o excesso de peso apelidado de escolha individual”.

“A obesidade tem sido tradicionalmente vista como o resultado de um comportamento individual inadequado, associado à falta de disciplina em relação a alimentação e à atividade física. No entanto, as crescentes evidências científicas têm levado à compreensão da obesidade como uma doença crónica, multifatorial, muito difícil de tratar”, afirma.

Para a SPG, é necessária uma mudança de paradigma que implica “reconhecer que fatores genéticos, metabólicos, ambientais e psicossociais desempenham papéis cruciais” no surgimento e desenvolvimento da doença.

A sociedade considera que ninguém tem excesso de peso ou é obeso “por vontade própria”.

“A obesidade é caracterizada pela impossibilidade de a pessoa conseguir queimar gordura”, resultando na sua acumulação excessiva a nível visceral, o que está associado ao desenvolvimento de outras doenças crónicas como hipertensão arterial, diabetes tipo 2, doenças cárdio e cerebrovasculares, osteoarticulares e várias neoplasias, “patologias que são hoje reconhecidas como as principais causas de morbimortalidade das sociedades modernas”, refere.

A obesidade foi reconhecida em Portugal como doença crónica em 2004, mas, segundo a mesma fonte, não são facultadas a estes doentes estratégias de tratamento integradas, com os mais recentes medicamentos disponíveis.

A cirurgia bariátrica/metabólica e procedimentos endoscópicos minimamente invasivos são comparticipados, mas têm listas de espera que, em alguns casos, “ultrapassam os quatro anos” e devem articular-se com dietas, programas de exercício físico e apoio psicológico, afirmam os especialistas.

A SPG critica ainda que algumas intervenções não sejam comparticipadas pelas companhias de seguro, o que classifica como “uma falta de visão de estratégica gritante”.

LUSA/HN

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