Autarca do Seixal diz que gestão privada não resolve problemas do Garcia de Orta

7 de Março 2025

 O presidente da Câmara do Seixal criticou hoje a decisão de criar uma parceria público-privada para o Hospital Garcia de Orta, considerando que “não será com uma gestão privada que os problemas serão resolvidos”.

Em comunicado, Paulo Silva advogou que “a decisão que era urgente para responder aos problemas de saúde na região era a de avançar com a construção do hospital no Seixal, um compromisso de cerca de duas décadas”.

O autarca, eleito pela CDU, reagia assim ao anúncio governamental, feito hoje, de lançamento do processo de atribuição de parcerias público-privadas (PPP) para cinco hospitais, entre os quais o Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal.

Segundo o presidente da Câmara Municipal do Seixal, no mesmo distrito, este anúncio apenas vem criar ruído no processo de construção de um hospital no seu concelho.

A autarquia considera que este é “mais um episódio da procrastinação recorrente a que este equipamento tem sido sujeito ao longo de tantos anos, penalizando gravemente a população do concelho do Seixal”.

“O Hospital no Seixal é um equipamento fundamental para a melhoria da dignidade e das condições de vida das populações dos concelhos do Seixal e Almada, bem como para a resolução dos problemas estruturais do Hospital Garcia de Orta e dos cuidados de saúde na região, que têm vindo a agravar-se nos últimos anos”, referiu o município no comunicado.

Em vez disso, sublinhou, o Governo “optou por assegurar mais uma fileira de negócio para os grupos privados da doença”.

A câmara considera a decisão ilegítima no contexto político atual, marcado pelo debate de uma moção de confiança ao Governo, agendado para terça-feira.

“É um género de ‘canto do cisne’ no que toca à atuação do Governo e a fusão entre a sua política e os interesses dos grupos económicos da doença”, sublinhou o presidente do executivo.

Para Paulo Silva, as medidas tomadas pelo Governo do PSD visam também a desvalorização do Serviço Nacional de Saúde e das carreiras dos profissionais do setor.

“Não será com uma gestão privada que o Hospital Garcia de Orta vai resolver os seus problemas e ter como foco principal os utentes”, referiu, destacando que “basta lembrar que vários hospitais no país reverteram o processo das PPP, retomando a gestão pública, e que o Governo PSD tem vindo a impor um modelo que está ultrapassado”.

A título de exemplo, apontou o caso da Amarsul (tratamento de resíduos sólidos) e da Fertagus (serviço ferroviário da Ponte 25 de Abril), cuja gestão privada o autarca considera ter agravado os problemas existentes no aterro sanitário e originado o caos no serviço ferroviário na margem sul do Tejo, respetivamente.

O Hospital Garcia de Orta pertence à Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS). O conselho de administração foi mudado recentemente com a saída de Teresa Machado Luciano e a entrada de Pedro Correia Azevedo, num processo envolto em polémica.

A ULSAS dá resposta a 350 mil habitantes.

NR/HN/Lusa

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