Em comunicado, Paulo Silva advogou que “a decisão que era urgente para responder aos problemas de saúde na região era a de avançar com a construção do hospital no Seixal, um compromisso de cerca de duas décadas”.
O autarca, eleito pela CDU, reagia assim ao anúncio governamental, feito hoje, de lançamento do processo de atribuição de parcerias público-privadas (PPP) para cinco hospitais, entre os quais o Hospital Garcia de Orta, em Almada, no distrito de Setúbal.
Segundo o presidente da Câmara Municipal do Seixal, no mesmo distrito, este anúncio apenas vem criar ruído no processo de construção de um hospital no seu concelho.
A autarquia considera que este é “mais um episódio da procrastinação recorrente a que este equipamento tem sido sujeito ao longo de tantos anos, penalizando gravemente a população do concelho do Seixal”.
“O Hospital no Seixal é um equipamento fundamental para a melhoria da dignidade e das condições de vida das populações dos concelhos do Seixal e Almada, bem como para a resolução dos problemas estruturais do Hospital Garcia de Orta e dos cuidados de saúde na região, que têm vindo a agravar-se nos últimos anos”, referiu o município no comunicado.
Em vez disso, sublinhou, o Governo “optou por assegurar mais uma fileira de negócio para os grupos privados da doença”.
A câmara considera a decisão ilegítima no contexto político atual, marcado pelo debate de uma moção de confiança ao Governo, agendado para terça-feira.
“É um género de ‘canto do cisne’ no que toca à atuação do Governo e a fusão entre a sua política e os interesses dos grupos económicos da doença”, sublinhou o presidente do executivo.
Para Paulo Silva, as medidas tomadas pelo Governo do PSD visam também a desvalorização do Serviço Nacional de Saúde e das carreiras dos profissionais do setor.
“Não será com uma gestão privada que o Hospital Garcia de Orta vai resolver os seus problemas e ter como foco principal os utentes”, referiu, destacando que “basta lembrar que vários hospitais no país reverteram o processo das PPP, retomando a gestão pública, e que o Governo PSD tem vindo a impor um modelo que está ultrapassado”.
A título de exemplo, apontou o caso da Amarsul (tratamento de resíduos sólidos) e da Fertagus (serviço ferroviário da Ponte 25 de Abril), cuja gestão privada o autarca considera ter agravado os problemas existentes no aterro sanitário e originado o caos no serviço ferroviário na margem sul do Tejo, respetivamente.
O Hospital Garcia de Orta pertence à Unidade Local de Saúde Almada-Seixal (ULSAS). O conselho de administração foi mudado recentemente com a saída de Teresa Machado Luciano e a entrada de Pedro Correia Azevedo, num processo envolto em polémica.
A ULSAS dá resposta a 350 mil habitantes.
NR/HN/Lusa
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