Uso global de antibióticos na pecuária pode aumentar 30% até 2040

2 de Abril 2025

O uso global de antibióticos na pecuária pode aumentar, num cenário de manutenção do status quo, em quase 30% em 2040, em comparação com 2019, de acordo com um estudo publicado na revista Nature Communications.

Uma equipa liderada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) analisou vários cenários de utilização de antibióticos ligados à evolução da biomassa pecuária global e à intensidade da sua utilização.

Os resultados realçam a necessidade de coordenar os esforços globais no setor pecuário para reduzir o uso de antibióticos, que, quando utilizados de forma incorreta e excessiva, estão associados ao aparecimento de resistência antimicrobiana, uma grande ameaça à saúde, noticiou na terça-feira a agência Efe.

Os governos comprometeram-se a reduzir significativamente a quantidade de antimicrobianos utilizados no sistema agroalimentar até 2030, mas com a crescente procura de proteína animal para consumo humano, não se sabe como estas metas serão alcançadas, observaram os autores do estudo na publicação.

A equipa considerou vários cenários em que os níveis de biomassa do gado e a intensidade do uso de antibióticos (a quantidade de antibiótico por unidade de biomassa do gado) variavam.

Os modelos sugerem que, num cenário de manutenção do status quo, a quantidade de utilização de antibióticos poderá aumentar para mais de 143.481 toneladas por ano até 2040, representando um aumento de 29,5% em relação ao valor inicial de 2019 (110.777 toneladas).

As projeções utilizando cenários alternativos sugerem que reduções moderadas na intensidade do uso de antibióticos (redução de 30%) podem compensar os aumentos na quantidade de uso de antibióticos quando combinadas com uma redução na biomassa total do gado alcançada através de melhorias de produtividade.

O maior cenário de redução foi encontrado quando a intensidade do uso de antibióticos foi reduzida em 50% em combinação com uma diminuição da biomassa do gado (obtida através de melhorias de produtividade).

Neste caso, o resultado foi uma redução de 56,8% na quantidade de antimicrobianos utilizados no setor, com projeções de queda para cerca de 62 mil toneladas por ano até 2040.

O estudo destaca grandes disparidades regionais no uso previsto de antibióticos, enfatizando a necessidade de esforços globais unificados para gerir a biomassa pecuária e reduzir a intensidade do uso de antibióticos.

Prevê-se que a Ásia e o Pacífico continuem a ser a maior região consumidora de antibióticos, representando 65% do total global até 2040, seguida pela América do Sul, com aproximadamente 19%.

As regiões que apresentam o maior crescimento na utilização de antimicrobianos estão também preparadas para desempenhar um papel fundamental no atendimento da crescente procura global de alimentos de origem animal, impulsionada pelo crescimento populacional e pelo aumento dos rendimentos.

Os autores observaram, no entanto, que a precisão destas projeções é limitada por lacunas nos relatórios nacionais, pela falta de dados específicos de espécies e pela falta de dados específicos de classes de antibióticos.

lusa/HN

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