Novo acelerador miniaturizado promete revolucionar radioterapia interna

25 de Abril 2025

Investigadores do KIT e DKFZ desenvolvem um acelerador de eletrões miniaturizado para radioterapia interna, capaz de tratar tumores com precisão sem danificar tecidos saudáveis, prometendo democratizar o acesso global ao tratamento.

Uma equipa de investigadores do Karlsruhe Institute of Technology (KIT) e do German Cancer Research Center (DKFZ) está a desenvolver uma tecnologia inovadora que poderá transformar a radioterapia no tratamento do cancro. Liderados pela Professora Anke-Susanne Müller e pelo Professor Matthias Fuchs, do Instituto de Física de Aceleradores e Tecnologia do KIT, em colaboração com o Professor Oliver Jäkel do DKFZ, os cientistas estão a criar um acelerador de eletrões ultracompacto, capaz de ser inserido no corpo humano através de um endoscópio para irradiar tumores diretamente, poupando os tecidos saudáveis circundantes.

A abordagem tradicional da radioterapia, baseada em dispositivos externos volumosos, tem limitações significativas: apesar dos avanços, não é possível evitar a exposição da pele e de órgãos saudáveis à radiação quando se tratam tumores internos. O novo método recorre a laser de alta intensidade para acelerar eletrões quase à velocidade da luz em distâncias extremamente curtas. Isto permite reduzir o tamanho do acelerador de cerca de um metro para menos de um milímetro, tornando-o comparável à espessura de um cabelo humano e apto a ser introduzido no corpo de forma minimamente invasiva.

Com esta tecnologia, denominada UCART (“Ultracompact electron accelerators for internal radiotherapy”), os tumores podem ser irradiados de dentro para fora com elevada precisão, minimizando os efeitos secundários e danos colaterais. Os primeiros testes demonstraram que, além de eliminar as células tumorais, a radiação de alta intensidade e curta duração pode mobilizar o sistema imunitário, melhorando a resposta a metástases.

O projeto, financiado pela Carl Zeiss Foundation, visa ainda tornar a radioterapia mais acessível globalmente. O novo equipamento será mais compacto, exigirá menos manutenção e consumirá menos energia do que os atuais, facilitando a produção em larga escala e a instalação em clínicas de diferentes dimensões, incluindo em países em desenvolvimento. O acesso mundial à radioterapia tem sido limitado pelos elevados custos e exigências de infraestrutura, mas a solução proposta poderá inverter esta realidade, especialmente perante o aumento da esperança média de vida e da incidência de tumores.

Nos próximos dois anos, a equipa UCART irá construir uma unidade demonstradora. Posteriormente, em colaboração com parceiros industriais, pretende avançar para ensaios pré-clínicos, com a ambição de que, no futuro, a nova tecnologia esteja disponível em hospitais e clínicas de todo o mundo, tornando o tratamento do cancro mais eficaz, rápido e acessível a uma população mais vasta.

Referência

NR/HN/Alphagalileo

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