Atitude, divagação mental e sono: os três pilares da recordação dos sonhos

26 de Abril 2025

Uma investigação apoiada pela Fundação BIAL identificou que atitude perante os sonhos, propensão para a divagação mental e padrões de sono são os principais fatores que determinam se uma pessoa recorda ou não os seus sonhos ao acordar.

A capacidade de recordar sonhos ao acordar varia amplamente entre as pessoas, apesar de quase todos sonharem durante a noite. Uma investigação internacional, liderada por Giulio Bernardi e apoiada pela Fundação BIAL, analisou em profundidade os fatores que influenciam este fenómeno em 217 adultos saudáveis, com idades entre os 18 e os 70 anos, recorrendo a relatos de sonhos, questionários, testes cognitivos e monitorização do sono.

O estudo, publicado na revista Communications Psychology – Nature, identificou três fatores principais que determinam a probabilidade de uma pessoa acordar com a recordação de um sonho: a atitude em relação aos sonhos, a tendência para a divagação mental e os padrões de sono. Pessoas que atribuem maior significado aos sonhos tendem a relatar mais frequentemente experiências oníricas ao despertar, embora este interesse não se traduza obrigatoriamente numa maior capacidade de recordar detalhes específicos dos sonhos. A relação causal entre interesse e recordação permanece, assim, em aberto.

A propensão para a divagação mental, ou “sonhar acordado”, revelou-se um preditor robusto da recordação dos sonhos. Indivíduos com maior tendência para gerar experiências mentais espontâneas, independentemente dos estímulos externos, mostram-se mais propensos a recordar os seus sonhos.

No que respeita aos padrões de sono, o estudo demonstrou que episódios de sono mais longos e uma menor proporção de sono profundo aumentam a probabilidade de recordar sonhos. Por outro lado, quem dorme menos ou tem sono mais profundo tende a recordar menos sonhos. Esta capacidade apresenta ainda flutuações sazonais: é mais baixa no inverno e mais elevada na primavera e no outono.

Além destes fatores, a vulnerabilidade à interferência e a idade também influenciam a recordação dos sonhos. O envelhecimento está associado a alterações nos padrões de sono, nomeadamente à redução dos períodos de sono leve e prolongado, o que pode dificultar a recordação dos sonhos. Diferenças individuais na resistência à interferência – a capacidade de manter memórias oníricas após o despertar – também desempenham um papel relevante.

A investigação reforça que a recordação dos sonhos resulta de uma complexa interação entre fatores pessoais e características do sono, oferecendo novas perspetivas para compreender a ligação entre sonhos, memória e saúde mental.

NR/HN/ALphagalileo30

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