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Alterações climáticas agravam resistência a medicamentos nos países pobres

3 de Maio 2025

Um novo estudo revela que as alterações climáticas podem aumentar significativamente a resistência a medicamentos em países de baixo rendimento até 2050, agravando a crise de saúde pública e exigindo estratégias de desenvolvimento sustentável.

Um estudo internacional publicado na revista Nature Medicine alerta para o impacto das alterações climáticas no agravamento da resistência antimicrobiana (AMR) nos países de baixo e médio rendimento. A investigação, liderada por cientistas chineses, analisou mais de 32 milhões de amostras de seis agentes patogénicos resistentes a medicamentos, recolhidas em 101 países entre 1999 e 2022, e utilizou modelos de previsão para avaliar como fatores socioeconómicos e ambientais influenciam a evolução da AMR.

Os resultados indicam que, se não forem implementadas estratégias urgentes de desenvolvimento sustentável, a resistência antimicrobiana poderá aumentar até 2,4% a nível global até 2050. O cenário é mais preocupante nos países de baixo e médio rendimento, onde o aumento poderá ultrapassar os 4%, contrastando com 0,9% nos países ricos. Estes países, sobretudo na África Subsaariana, Sul e Sudeste Asiático, enfrentam desafios acrescidos devido à fraca infraestrutura de saúde, acesso limitado a água potável e saneamento, e maior exposição a fenómenos extremos como inundações e secas.

A AMR já foi responsável por 4,71 milhões de mortes em 2021, sendo diretamente atribuída a 1,14 milhões de óbitos, número que poderá quase duplicar até 2050. O estudo destaca que, embora a redução do uso de antibióticos seja importante, medidas como o aumento do investimento em saúde, expansão da vacinação, redução dos custos diretos para os utentes e acesso universal a água, saneamento e higiene são mais eficazes na contenção da resistência. Estas estratégias poderiam reduzir a prevalência futura da AMR em 5,1%, superando o impacto da simples diminuição do consumo de antimicrobianos, que se estima baixar a prevalência em 2,1%.

Os autores sublinham que as alterações climáticas funcionam como um multiplicador de vulnerabilidades, agravando a propagação de infeções resistentes em regiões já fragilizadas. O aumento das temperaturas favorece o crescimento de bactérias resistentes e os eventos climáticos extremos facilitam a disseminação de poluentes e agentes patogénicos. O estudo apela a uma resposta global coordenada, destacando a necessidade de políticas que integrem saúde, ambiente e desenvolvimento social para travar a ameaça crescente da resistência antimicrobiana.

Link para o press original: https://www.scidev.net/global/news/climate-change-fuels-drug-resistance-in-poor-countries/

NR/HN/Alphagalileo

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