Dois em cada cinco doentes com insuficiência cardíaca não veem um cardiologista sequer uma vez por ano e têm maior risco de morte

18 de Maio 2025

Cerca de 40% dos doentes com insuficiência cardíaca em França não consultam um cardiologista anualmente, o que está associado a um risco de morte 24% superior no ano seguinte, revela um estudo nacional apresentado no Heart Failure Congress 2025.

Um estudo nacional francês, divulgado no European Heart Journal e apresentado no Heart Failure Congress 2025, revela que dois em cada cinco doentes com insuficiência cardíaca não têm sequer uma consulta anual com um cardiologista, o que aumenta significativamente o risco de morte e hospitalização. A investigação, que analisou dados de 655.919 doentes diagnosticados nos cinco anos anteriores a janeiro de 2020, demonstra que a ausência de acompanhamento especializado está associada a um risco de morte 24% superior no ano seguinte.

Os investigadores estratificaram os doentes segundo dois critérios simples: hospitalização recente por insuficiência cardíaca e uso de diuréticos. Estes marcadores permitiram identificar o número ideal de consultas anuais para reduzir o risco de morte. Para doentes sem hospitalização recente e sem diuréticos, uma consulta por ano reduz o risco de morte de 13% para 6,7%. Nos que tomam diuréticos, mas não foram recentemente hospitalizados, duas a três consultas anuais baixam o risco de 21,3% para 11,9%. Doentes hospitalizados no último ano beneficiam de quatro consultas, reduzindo o risco de 34,3% para 18,2%.

O estudo destaca ainda desigualdades no acesso ao acompanhamento: as mulheres e os idosos são menos propensos a consultar um cardiologista, sendo também menos frequentemente medicados com inibidores do sistema renina-angiotensina, apesar de apresentarem melhores resultados de mortalidade do que os homens.

Os autores defendem que o acompanhamento regular por cardiologia deve ser sistemático, à semelhança do que acontece na oncologia, e que critérios simples como hospitalização recente e uso de diuréticos podem ser usados em qualquer contexto clínico para orientar o seguimento, sem necessidade de exames dispendiosos. Os resultados sugerem que, se todos os doentes fossem vistos por um cardiologista pelo menos uma vez por ano, seria possível salvar uma vida por cada 11 a 16 doentes acompanhados.

Bibliografia: “Cardiologist follow-up and improved outcomes of heart failure: a French nationwide cohort”, by Guillaume Baudry et al, European Heart Journal. doi: https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehaf218

NR/HN/ALphagalileo

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