Legenda da imagem: Javier Louro.Photo: Stefan Zimmerman
O Karolinska Institutet, em colaboração com o Danish Cancer Institute, publicou um estudo inovador na revista The Lancet Regional Health – Europe, demonstrando que adultos que sobreviveram a cancro infantil enfrentam um risco significativamente maior de desenvolver formas graves de COVID-19, mesmo muitos anos após o fim do tratamento. A investigação analisou mais de 13.000 pessoas diagnosticadas com cancro antes dos 20 anos, residentes na Suécia e Dinamarca, comparando-as com irmãos e indivíduos da população geral do mesmo sexo e ano de nascimento.
Os resultados indicam que, embora os sobreviventes de cancro infantil tenham uma probabilidade inferior de contrair COVID-19, apresentam um risco 58% superior de desenvolver doença grave caso sejam infetados. A gravidade foi definida como necessidade de hospitalização, cuidados intensivos ou morte associada à infeção.
Javier Louro, investigador pós-doutorado no Instituto de Medicina Ambiental do Karolinska Institutet e primeiro autor do estudo, sublinha: “É importante compreender que, apesar de estes indivíduos não serem infetados com maior frequência, as consequências são mais graves quando adoecem.” As diferenças de risco foram especialmente evidentes durante períodos de elevada transmissão, como nas vagas das variantes Alpha e Omicron.
O estudo também destaca diferenças entre os países analisados. Na Suécia, onde a gestão da pandemia assentou sobretudo em recomendações, o aumento do risco foi mais acentuado do que na Dinamarca, que implementou medidas restritivas rigorosas desde o início.
Segundo Javier Louro, “os nossos resultados sugerem que os sobreviventes de cancro infantil devem ser considerados grupo de risco em futuras pandemias ou crises de saúde pública, podendo justificar prioridade na vacinação ou proteção especial em períodos críticos”.
A investigação foi financiada pela Swedish Childhood Cancer Fund, pelo Swedish Research Council e outras entidades. Mais informações sobre financiamento e potenciais conflitos de interesse podem ser consultadas no artigo original: https://dx.doi.org/10.1016/j.lanepe.2025.101363
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