A Universidade de Surrey anunciou um avanço significativo na luta contra a tuberculose (TB), ao identificar genes que permitem eliminar as chamadas células ‘zombie’ — bactérias dormentes e tolerantes a antibióticos, responsáveis por recaídas e pelo aumento da resistência antimicrobiana. O estudo, publicado na revista Scientific Reports, envolveu a análise de mais de 500.000 bactérias geneticamente modificadas de TB, expostas aos antibióticos rifampicina e estreptomicina. Após um período prolongado de exposição, apenas as células persistentes sobreviveram, permitindo aos cientistas identificar genes cuja desativação reduziu drasticamente o número destas células resistentes.
Os genes identificados desempenham funções diversas: alguns enfraquecem a parede celular bacteriana, outros ativam mecanismos de autodestruição e há ainda os que perturbam o equilíbrio metabólico da célula. Estas descobertas abrem novas vias para o desenvolvimento de medicamentos capazes de eliminar rapidamente as células persistentes, reduzindo a duração e aumentando a eficácia dos tratamentos.
Dr. Suzie Hingley-Wilson, coautora do estudo e docente sénior em Bacteriologia na Universidade de Surrey, destacou: “A tuberculose é realmente a pandemia esquecida. Matou 1,3 milhões de pessoas no último ano, na maioria dos casos por estirpes sensíveis aos medicamentos. O problema nem sempre é a resistência, mas sim as células persistentes, um pequeno grupo de bactérias fenotipicamente resistentes que sobrevivem ao tratamento e podem causar falhas terapêuticas. Descobrimos que a sobrevivência destas células depende do antibiótico utilizado, contrariando a ideia de que os mecanismos seriam partilhados. Isto pode mudar a forma como desenhamos futuros tratamentos para a TB.”
O estudo revelou ainda que mutações em alguns dos genes identificados estão presentes em estirpes de TB de doentes que não respondem ao tratamento, sugerindo que os mecanismos observados em laboratório refletem o que acontece em infeções reais e podem explicar recaídas mesmo sem resistência clássica aos antibióticos.
O professor Johnjoe McFadden, líder do estudo, afirmou: “Os mecanismos envolvidos na persistência são provavelmente os maiores mistérios da microbiologia. A sua resolução pode revolucionar o tratamento de doenças difíceis como a tuberculose. Esta investigação inovadora pode conduzir a novos medicamentos que eliminem as células persistentes, encurtando os regimes terapêuticos e reduzindo custos e o peso da resistência antimicrobiana.”
A próxima fase da investigação irá centrar-se no desenvolvimento de terapêuticas que imitem as funções destes genes, com o objetivo de criar tratamentos mais curtos e eficazes para a tuberculose e fortalecer o combate global à resistência antimicrobiana. O estudo contou com o apoio do Medical Research Council e do Biotechnology and Biological Sciences Research Council.
A notícia completa pode ser consultada em:
https://www.surrey.ac.uk/news/new-breakthrough-uncovers-how-kill-zombie-tb-cells-resistant-antibiotics
Bibliografia: New drugs that target ‘zombie’ tuberculosis (TB) cells are now a step closer, thanks to a new study led by the University of Surrey, published in Scientific Reports.
NR/HN/AlphaGalileo
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