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Laboratórios africanos reforçam combate final à poliomielite

6 de Julho 2025

A África intensifica a luta contra a poliomielite com novos laboratórios nacionais de vigilância, reforçando a resposta a surtos e a capacidade de detecção, num esforço liderado pela OMS e parceiros para erradicar a doença no continente.

A luta pela erradicação da poliomielite em África entra numa fase decisiva com o reforço da vigilância laboratorial e a criação de novos laboratórios nacionais, uma estratégia destacada por Chikwe Ihekweazu, diretor regional cessante da Organização Mundial da Saúde (OMS) para África. No final do seu mandato, Ihekweazu sublinha a resiliência e o compromisso coletivo que têm marcado o combate à doença, salientando que “a voz e a liderança de África na saúde global devem ser ousadas, informadas e orientadas para o futuro”.

A Nigéria permanece no centro da batalha, representando um quarto dos casos registados na região em 2025, com 32 casos confirmados em dez estados, sobretudo no norte do país. Durante uma missão da Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite, Ihekweazu testemunhou tanto os desafios persistentes — como a circulação de variantes do poliovírus e a ameaça de retrocesso — como a coragem dos profissionais de saúde que, em condições adversas, continuam a vacinar crianças e a combater a desinformação.

A propagação de vírus originários da Nigéria para países vizinhos e até para algumas zonas da União Europeia evidencia que, enquanto existir poliomielite em qualquer parte do mundo, todos permanecem em risco. O acesso limitado devido a conflitos, sistemas de saúde sobrecarregados e a diminuição da confiança nas vacinas, alimentada por desinformação, são obstáculos que persistem.

Apesar disso, Ihekweazu destaca o papel dos “heróis do quotidiano”: vacinadores que percorrem grandes distâncias em condições difíceis, mobilizadores comunitários que enfrentam a desinformação com empatia e factos, e responsáveis governamentais que lideram com determinação. Estes profissionais são apoiados por abordagens inovadoras e por uma forte parceria internacional, com planos para reforçar a resposta a surtos em regiões como a Bacia do Lago Chade, Sahel e Corno de África, privilegiando a coordenação transfronteiriça.

A certificação da região como livre do poliovírus selvagem em 2020 e a resposta rápida a surtos de poliovírus derivado da vacina tipo 2 demonstram o que é possível quando países, parceiros e comunidades se unem. Contudo, a diminuição do apoio de doadores tradicionais e a multiplicidade de emergências de saúde exigem maior eficiência, apropriação nacional e solidariedade regional.

A OMS África está a investir no reforço da resposta a surtos, na capacidade de vigilância e na construção de sistemas de saúde resilientes. O recente fim do surto em Madagáscar, país com reinfeções recorrentes, ilustra o impacto de uma liderança local forte, vigilância eficaz e campanhas adaptadas às comunidades.

O investimento contínuo em vigilância é considerado vital, razão pela qual a OMS apoia a criação e acreditação de novos laboratórios nacionais em todo o continente. Estes laboratórios permitirão detetar o poliovírus de forma rápida e precisa, fortalecendo a capacidade de resposta a ameaças emergentes de saúde pública.

Ihekweazu termina o seu mandato agradecendo aos milhares de vacinadores, agentes de vigilância, líderes comunitários, cientistas e parceiros que tornam possível este trabalho, afirmando que a região está perante uma encruzilhada, mas assente numa base sólida. O caminho para um mundo livre de poliomielite está traçado e exige determinação renovada e ação conjunta.

Mais informações e acesso ao artigo original em:
https://www.scidev.net/global/opinions/african-surveillance-labs-can-power-eradication-push/

NR/HN/AlphaGalileo

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