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O risco é mais elevado nos primeiros 10 anos após o parto, mas mantém-se aumentado ao longo da vida
Um novo estudo publicado no European Heart Journal indica que complicações comuns durante a gravidez podem ser um sinal precoce de risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC) ao longo da vida. A investigação analisou dados de mais de dois milhões de mulheres ao longo de 40 anos, revelando que aquelas que tiveram diabetes gestacional, hipertensão durante a gravidez, parto prematuro ou bebés com baixo peso enfrentam um risco superior de AVC nas décadas seguintes.
Cerca de 30% das mulheres analisadas apresentaram pelo menos uma destas complicações. O risco de AVC quase duplicou para mulheres com hipertensão (excluindo pré-eclâmpsia) ou diabetes gestacional. Para quem teve parto prematuro, o risco aumentou cerca de 40%; para casos de pré-eclâmpsia, o acréscimo foi de 36%; e para bebés pequenos para a idade gestacional, o risco subiu 26%. O risco era ainda maior para mulheres que apresentaram duas ou mais complicações.
Os investigadores constataram que o risco de AVC era mais elevado nos primeiros 10 anos após o parto, mas mantinha-se aumentado mesmo 30 a 46 anos depois. No caso da diabetes gestacional, o risco agravava-se com o passar do tempo. A análise entre irmãs demonstrou que fatores genéticos e ambientais partilhados não explicavam totalmente a relação entre complicações na gravidez e o risco de AVC.
O estudo sugere que alterações vasculares e inflamação originadas pelas complicações na gravidez podem ter efeitos duradouros nos vasos sanguíneos, contribuindo para o risco acrescido de AVC. Os autores defendem que estas complicações devem ser reconhecidas como sinais de alerta precoce para problemas cardiovasculares, recomendando intervenções preventivas e monitorização a longo prazo para mulheres afetadas.
O editorial que acompanha o estudo destaca ainda o impacto psicológico das complicações na gravidez, sublinhando que o stress associado pode contribuir para comportamentos de risco e efeitos fisiológicos que aumentam a probabilidade de AVC. Recomenda-se, assim, uma abordagem preventiva multifacetada, centrada no controlo da pressão arterial e na promoção de hábitos de vida saudáveis logo após o parto, para reduzir o risco de AVC ao longo da vida.
Referências: “Adverse pregnancy outcomes and long-term risk of stroke: a Swedish nationwide co-sibling study”, by Casey Crump et al, European Heart Journal. doi: https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehaf366
NR/HN/ALphaGalileo



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