TheraPanacea Democratiza Diagnósticos de Precisão com Imagens de Baixo Custo

15 de Julho 2025

No AWS European GenAI for Health Summit 2025, executivos revelaram casos de sucesso como o da UpHill - Que conseguiu reduzir em 40% o tempo em emergências) e da TheraPanacea (imagens de alta resolução). E também abordaram os desafios da regulamentação complexa e falta de competências.

No contexto da rápida transformação digital da saúde europeia, onde a IA generativa redefine cuidados clínicos e eficiência operacional, o AWS GenAI for Health Summit reuniu especialistas globais. Em declarações exclusivas ao HealthNews, o Dr. Rowland Illing (CMO Global), Sasha Rubel (Diretora de Políticas de IA EMEA) e Jens Dommel (Diretor de Saúde EMEA) – detalharam casos práticos, estratégias de segurança e desafios regulatórios inéditos, refletindo como organizações europeias adotam IA generativa sem comprometer a ética ou a soberania de dados.

O Diretor Médico Global da AWS, Rowland Illing, destacou casos práticos: UpHill reduziu 40% do tempo em emergências com IA generativa, enquanto a TheraPanacea democratiza diagnósticos oncológicos. Soluções amplificam – nunca substituem – o julgamento clínico.

Os sistemas de saúde europeus estão a transformar resultados clínicos através da IA generativa, com casos emblemáticos apresentados pelo Dr. Rowland Illing. A plataforma UpHill Acute, desenvolvida no AWS Health AI Hub, utiliza algoritmos generativos para sintetizar dados de pacientes em tempo real e sugerir protocolos em contextos de emergência. “Esta solução, operada sob supervisão médica, reduziu em 40% o intervalo entre admissão e início de tratamento em hospitais parceiros”, explicou Illing. “Trata-se de ganhos tangíveis em situações onde minutos salvam vidas, sem jamais substituir o papel do profissional”.

Outro avanço significativo vem da startup francesa TheraPanacea, que utiliza serviços de IA da AWS para converter exames de imagem convencionais (como ressonâncias de baixo custo) em diagnósticos de alta resolução. “Esta inovação reduz a exposição à radiação e permite que hospitais regionais, mesmo com equipamentos limitados, acedam a precisão diagnóstica comparável a centros de excelência”, detalhou o executivo. O impacto é particularmente relevante em oncologia, onde a acuidade das imagens determina planos terapêuticos.

Illing sublinhou a filosofia central: “As nossas ferramentas – desde documentação clínica automatizada até suporte diagnóstico – são desenhadas para amplificar a expertise humana. O AWS Health AI Hub oferece 18 soluções pré-construídas e personalizáveis, todas com conformidade integrada para GDPR e diretivas europeias”. Entre os casos menos divulgados, citou ainda projetos piloto em planeamento cirúrgico na Alemanha, onde IA prevê complicações pós-operatórias com 89% de precisão, e sistemas de triagem inteligente em unidades de cuidados intensivos portuguesas.

Sasha Rubel – Ética, Conformidade e os Três Desafios Críticos

A Diretora de Políticas de IA da AWS para a EMEA enfatizou mecanismos de segurança como encriptação ponta a ponta e “Guardrails” personalizáveis no Amazon Bedrock. Alertou para o “fosso regulatório”: 68% das empresas desconhecem obrigações do AI Act.

Sasha Rubel abordou os pilares da IA responsável, começando pelo Amazon Bedrock: “Implementamos controlos de segurança ‘bar-raising’, incluindo encriptação de dados em repouso/trânsito, chaves gerenciadas pelo cliente e auditorias automáticas para GDPR, HIPAA e futura AI Act”. Destacou os Guardrails, filtros programáveis que bloqueiam conteúdo sensível em 32 categorias (ex: dados genéticos), e as AI Service Cards – documentos públicos que detalham limitações, viés potencial e métricas de desempenho de cada algoritmo.

“Os dados dos clientes nunca treinam modelos base sem consentimento explícito, e aplicamos técnicas de anonimização como k-anonymity e differential privacy em projetos de investigação”, afirmou. A AWS integra a Coalition for Health AI, co-desenvolvendo padrões éticos para diagnósticos assistidos por IA.

Sobre barreiras, Rubel apresentou dados alarmantes:

  • Regulamentação: 68% das empresas desconhecem requisitos do AI Act, com custos de conformidade a consumir 40% dos orçamentos de TI. “Incerteza regulatória já reduziu investimentos em IA em 28% este ano”.
  • Competências: 56% das instituições de saúde reportam falta de especialistas. “A meta de formar 29 milhões até 2025 foi superada (31 milhões), mas precisamos de programas contínuos, como o AWS Skills Guild para profissionais clínicos”.
  • Financiamento: 56% das startups de saúde enfrentam obstáculos no acesso a capital. “Só 3% das grandes empresas integraram IA além de automação básica”.

“Estamos a criar uma economia de dois andares: startups inovam com novos modelos de negócio, enquanto hospitais tradicionais patinam na fase inicial”, concluiu.

 

Jens Dommel – Lições Práticas e o Modelo Europeu de Soberania

O Diretor de Saúde da AWS EMEA destacou o anonimato automático de imagens médicas pela Collective Minds e a European Sovereign Cloud (€7,8 mil milhões). “Conformidade e inovação são complementares: segurança desde o design acelera a transformação”.

Jens Dommel abriu com casos concretos: além de UpHill e TheraPanacea, destacou a Collective Minds Radiology. “Sua plataforma em AWS anonimiza automaticamente 97% dos metadados em imagens de raio-X e ressonâncias, resolvendo o dilema entre investigação colaborativa e privacidade. Isto viabilizou estudos multicêntricos em 12 países”.

Sobre lições aprendidas, Dommel foi peremptório:

  1. Triângulo do Sucesso: “IA deve ampliar julgamento clínico, segurança ser built-in desde o primeiro código, e soluções democratizar acesso – como reduzir 70% do custo de diagnósticos avançados”.
  2. Soberania de Dados: “A European Sovereign Cloud, operada localmente na Alemanha com investimento de €7,8 mil milhões, garante que dados sensíveis nunca saem da UE. Todos os workloads cumprem EHDS (Espaço Europeu de Dados de Saúde)”.
  3. Modelo Híbrido: “O AWS Health AI Hub oferece 42 serviços pré-validados, enquanto modelos open-source via SageMaker permitem personalização sem risco regulatório”.

Dommel citou exemplos de equilíbrio:

  • Hospitais belgas usam Amazon Comprehend Medical para extrair dados clínicos de notas manuscritas com 99% de precisão, mantendo processamento on-premise.
  • O AWS Excellence Centre for EHDS treinou 340 equipas técnicas em certificações específicas para saúde.
    “Conformidade não trava inovação; quando segurança é by design, como nos nossos Customer Data Protection Commitments, criamos um ciclo virtuoso: mais confiança → mais adoção → mais avanços para pacientes”.

HN/RD

 

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